O retorno prematuro de alunos às
salas de aula no Rio Grande do Norte não é seguro e pode, inclusive, causar
aumento nos casos infecção pelo novo coronavírus. A avaliação é do Comitê
Científico Estadual de Enfrentamento à Covid-19, que atua forma consultiva para
as decisões do Governo do Rio Grande do Norte relacionadas com a pandemia. O
colegiado emitiu parecer nesta quinta-feira (30) recomendando que as atividades
escolares, sejam em instituições públicas ou privadas, permaneçam suspensas em
todo o Estado.
Ainda de acordo com o comitê
estadual, os cientistas ressaltam que o retorno às salas de aula deverá ocorrer
apenas quando for verificado baixo risco de contágio entre os integrantes da
comunidade escolar – pais, alunos, professores e demais trabalhadores da educação.
“Não é possível iniciar as aulas neste momento, pois não é seguro para os
trabalhadores da educação, bem como para toda a comunidade escolar, alunos e
familiares”, traz a recomendação feita ao governo estadual.
Segundo os cientistas, a
precipitada abertura de escolas poderia impactar a taxa de isolamento social em
todo o Rio Grande do Norte. Em Natal, a retomada das aulas em escolas privadas
estava prevista para o dia 10 de agosto. Já a rede estadual discutia retorno no
dia 17 do mesmo mês. Após protestos de pais, professores e entidades ligadas à
educação, as datas foram abandonadas.
O temor dos cientistas é o
eventual aumento da circulação de alunos, professores e demais trabalhadores da
educação, de pais e responsáveis, e de prestadores de serviços relacionados com
a atividade escolar – como transporte público e particular –, possa gerar novas
ondas de aumento de casos da Covid-19.
“Neste contexto que ainda requer
cautela e maior observação da evolução dos indicadores epidemiológicos, o
retorno das atividades escolares pode representar um forte impacto sobre a
circulação de pessoas e, consequentemente, sobre os níveis de transmissão da
Covid-19. Somado ao expressivo contingente de matriculados no Ensino Básico no
RN das redes estadual, municipal, federal e privada (superior a 800 mil) há de
se considerar a indução a uma movimentação ainda maior de pessoas da comunidade
escolar e fora dela”, pontuou o documento.
O comitê também apontou que 17%
dos domicílios potiguares são coabitadas por crianças de 6 a 14 anos e pessoas
com mais de 60 anos, segundo levantamento feito pelo IBGE em 2018. O
contingente é semelhante ao que foi publicado pelo Agora RN, em 27 de julho,
que apontava para o potencial risco para 212 mil potiguares. O grupo é formado
por idosos e os adultos com problemas crônicos de saúde que convivem
diariamente com crianças e adolescentes em idade escolar. A quantidade de
pessoas que ficará exposta ao novo coronavírus foi calculada por análise da
Fiocruz com base na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013), do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O comitê científico considera,
ainda, que não há vacinas nem medicamentos com comprovação científica que
possibilitem a cura para a Covid-19. Desta forma, é necessário manter níveis de
isolamento social abaixo dos 40% com o objetivo de mitigar a probabilidade de
infecção.
Outro problema apresentado pelos
cientistas é que, além dos casos de infecção pelo novo coronavírus, as crianças
e adolescentes podem ser afetados com um problema de saúde associado à
Covid-19. O alerta é sobre a possibilidade que os menores de idade sofram com a
chamada Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), com
características semelhantes às observadas na síndrome de Kawasaki.
“O espectro clínico da SIM-P é
ainda desconhecido, mas são relatadas manifestações sindrômicas caracterizadas
por febre persistente acompanhada de um conjunto de sintomas que podem incluir
hipotensão, comprometimento de múltiplos órgãos e elevados marcadores inflamatórios”,
encerra a nota.
Rede estadual de ensino não tem
data para retorno das atividades
O Comitê Setorial da Educação do
Governo do Rio Grande do Norte iniciou os trabalhos para elaborar protocolos
para a retomada das aulas presenciais na rede pública de ensino. As regras são
para as áreas pedagógica, normativa e de biossegurança.
Segundo o secretário de Educação,
Cultura, Esporte e Lazer, Getúlio Marques, o ano letivo será retomando ainda
neste semestre, mas não deu detalhes de quando isso será feito. “O ano está
comprometido, mas não perdido. Estamos fazendo todos os esforços para que não se
perca o ano letivo de 2020”, afirmou.
Getúlio Marques informou que a
Secretaria Estadual de Educação está trabalhando com ciclos e no retorno a
atividades presenciais fará avaliações de nível de cada aluno, um trabalho de
nivelamento e demais análises para assegurar a regularidade dos conteúdos.
Ainda segundo ele, o Estado não
apresenta condições sanitárias que permitam a retomada das aulas presenciais em
escolas públicas e privadas. Até o início desta semana, a pasta tinha a
expectativa de reiniciar o ano letivo a partir de 17 de agosto. No entanto,
ainda na quarta-feira (29), a governadora Fátima Bezerra disse que a data está
descartada. “As condições para retornar dia 17 agosto não são favoráveis. É
preciso aguardar uma melhoria mais efetiva no quadro da pandemia para voltarmos
com segurança. Precisamos esperar o momento certo para voltar, mas não será
antes do final de agosto. Mas só retornaremos com segurança”, disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é importante! Este espaço tem como objetivo dar a você leitor, oportunidade para que você possa expressar sua opinião de forma correta e clara sobre o fato abordado nesta página.
Salientamos, que as opiniões expostas neste espaço, não necessariamente condizem com a opinião deste Editor.
COMENTÁRIOS QUE TENHAM A INTENÇÃO DE DENEGRIR QUEM QUER QUE SEJA, SERÃO EXCLUÍDOS