Segundo os advogados de Vasques, a juíza eleitoral Érika Souza Corrêa Oliveira e o técnico judiciário Bruno Teixeira da Silva, ambos ligados ao Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE-RN), teriam produzido um relatório com informações questionáveis para embasar a narrativa de que a PRF interferiu no segundo turno das eleições presidenciais.
Silvinei Vasques é acusado de usar a estrutura da PRF para instalar bloqueios nas rodovias potiguares, o que teria dificultado o acesso de eleitores aos locais de votação em Campo Grande (RN). A suposta ação teria favorecido o então presidente Jair Bolsonaro, em prejuízo ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-diretor nega as acusações.
A defesa contratou uma agência especializada para atuar como assistente técnica na análise dos dados eleitorais referentes à 31ª Zona Eleitoral do RN. O laudo técnico elaborado pela consultoria contesta o relatório do TRE-RN, apontando inconsistências nos métodos utilizados para coleta de informações.
De acordo com o parecer, o relatório oficial se baseou em “percepções empíricas” de mesários, que teriam enviado dados por meio de grupos de mensagens instantâneas, sem controle técnico ou automatização.
“A tentativa, novamente, empírica de registrar ‘snapshots’ de momentos de cada seção de votação torna-se falha, haja vista que, não há o registro de automação da coleta das informações repassadas pelos mesários, ocasionando a imprecisão do resultado do ‘momento’, tampouco a comprovação de que todos os responsáveis pelas seções encaminharam os dados no mesmo instante de tempo”, destaca o laudo.
A análise contratada pela defesa utilizou dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como arquivos de log das urnas eletrônicas e registros por seção eleitoral. O estudo aponta que, até as 12h46 do dia da votação, 73% das seções já haviam recebido mais da metade dos eleitores esperados, totalizando 3.236 votantes.
O número diverge do apresentado pelo relatório do TRE-RN, que registrou apenas 2.232 eleitores nesse mesmo intervalo, representando uma diferença superior a mil votantes. A defesa também afirma que o segundo turno teve maior comparecimento matutino que o primeiro, mesmo com a atuação da PRF.
Até o momento, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte não emitiu resposta às acusações feitas pela defesa de Silvinei Vasques.