Durante os anos de chumbo, a ciência brasileira sofreu um baque que marcaria sua história como um dos tristas episódios protagonizados pela didatura militar. Em 1970, na vigência do Ato Institucional nº5 (AI5), que suspendia garantias constitucionais e dava poderes extraordinários ao Presidente da República, dez pesquisadores vinculados ao então Instituto Oswaldo Cruz (IOC) foram cassados, tiveream seus direitos políticos suspensos e foram impedidos de tarbalhar. Era o auge das perseguições e do cerceamento que desde 1964 vinham sofrendo esses aguerridos e competentes profissionais, reconhecidos em todo o mundo e que haviam ajudado a construir a tradição do IOC.
Decreto publicado em primeiro de abril de 1970 suspendeu os direitos políticos dos pesquisadores Haity Moussatché, Herman Lent, Moacyr Vaz de Andrade, Augusto Cid de Mello Perissé, Hugo de Souza Lopes, Sebastião José de Oliveira, Fernado Braga Ubatuta e Tito Arcoverde Cavalcanti de Albuquerque. Dois dias depois, os mesmos cientistas também foram aposentados compulsoriamente, ao lado de mais dois colegas que não apareceram no primeiro decreto , o médico imunologista e especialista na área de Microbiologia Masao Goto e o parasitologista Domingos Arthur Machado Filho.
Era o chamado Massacre de Manguinhos, expressão cunhada por um dos cassados, o médio entologista Herman Lent, um dos fundadores da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC), em corajoso depoimento publicado anos depois, em 1978, em seu livro O Massacre de Manguinhos (editora Avenir).
O baque rendeu oito longos anos de silêncio.
Só às vésperas da sanção da Lei da Anistia, em 1979, foi possível no ambiente da instituição um ato político reivindicando a reintegração dos pesquisadores cassados.
Barriguda News
Revista Radis 120 - AGO 2012 - Foto Sid Sayão (Fiocruz)
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