Os hospitais conveniados ao SUS voltaram ontem a realizar cirurgias
ortopédicas. E terão muito trabalho pela frente. Após vários dias de
paralisação, a fila formada em hospitais como o Walfredo Gurgel é longa e
conta com pacientes internados no corredor há meses. Segundo
informações da Secretaria Municipal de Saúde, o pagamento foi feito na
última sexta-feira e o Hospital Memorial já voltou ao atendimento. O
Hospital Médico-cirúrgico espera a confirmação do pagamento para
retornar às atividades, segundo informações da administração. Cinco
pacientes foram transferidos para o Memorial no último domingo e havia a
previsão de transferir mais um ontem.
Até a tarde de ontem havia 76 pessoas no corredor do Hospital Walfredo
Gurgel à espera de cirurgia ortopédica. O número já foi maior, de mais
de 90 pessoas, e vem diminuindo após a retomada das atividades do
Hospital Deoclécio Marques, de Parnamirim, e deve cair mais ainda por
conta do retorno dos dois hospitais conveniados. Do total, 46 são vindos
de cidades do interior do Estado, como Guamaré, Tangará e João Câmara.
Há casos de pessoas que esperam atendimento há mais de dois meses.
Paulo Laurentino da Silva é um dos mais antigos no corredor do Hospital.
Está lá há dois meses e não recebeu ainda uma previsão de quando terá o
seu problema resolvido.
A espera nos corredores do Hospital
Walfredo Gurgel ocorre, nos casos das cirurgias ortopédicas, por conta
da sistemática de transferências. O Hospital recebe o paciente, faz o
primeiro atendimento e transfere para a rede conveniada. Como os
hospitais privados pararam de atender - motivados pela inadimplência da
Prefeitura de Natal - os pacientes com pernas, braços e outras partes do
corpo fraturadas ficaram no corredor até que o problema fosse
resolvido.
Todo este sistema passa desapercebido por quem passa
semanas e meses mal alojado em uma maca no corredor. Paulo Laurentino da
Silva, por exemplo, não tem conhecimento das pendências burocráticas da
Prefeitura e/ou do Governo do Estado. O que ele fala, e muito, é que
não aguenta passar mais nem um dia no Hospital. Já passou 62. "A única
coisa que eu escuto aqui é que preciso esperar. Mas eu não tenho como
esperar. Meus filhos estão em casa e nem para a escola estão indo", diz
Paulo Laurentino.
Laurentino foi atropelado em julho, ao tentar
atravessar a BR-101 em São José do Mipibu. Quebrou a bacia e clavícula.
Trata-se de uma rede de descasos: a duplicação da BR-101 não incluiu uma
passarela para quem quer ir de uma parte a outra de São José do Mipibu.
Atropelamentos são constantes, com a necessidade de passar a pé as
quatro vias da BR. Atropelado nestas circunstâncias, Paulo Laurentino
foi enviado ao Hospital Walfredo Gurgel, onde mais uma vez o poder
público falhou na missão de oferecer serviços de qualidade para os
cidadãos. "Já são dois meses sem trabalhar, com meus filhos jogados, é
realmente muito revoltante", diz o paciente. Na parede, um salmo resume a
sensação de Laurentino: "Você não foi criado para viver assim. Deus o
criou para ser livre".
Atualmente, o corredor do Hospital está
repleto de histórias parecidas. A presença de qualquer
equipe de reportagem por lá é suficiente para aguçar os pacientes,
ansiosos por reclamar do tratamento recebido. A volta do atendimento nos
hospitais conveniados é a esperança de conseguir sair da situação
difícil em que se encontram.
Barriguda News
Tribuna do Norte-Isaac Lira
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é importante! Este espaço tem como objetivo dar a você leitor, oportunidade para que você possa expressar sua opinião de forma correta e clara sobre o fato abordado nesta página.
Salientamos, que as opiniões expostas neste espaço, não necessariamente condizem com a opinião deste Editor.
COMENTÁRIOS QUE TENHAM A INTENÇÃO DE DENEGRIR QUEM QUER QUE SEJA, SERÃO EXCLUÍDOS