sábado, 22 de setembro de 2012

A POLÍCIA em busca dos suspeitos: "Fui tratado de forma fascista"

A polícia instaurou na manhã de ontem os inquéritos para identificação dos autores dos atos de vandalismo ocorridos durante e após o protesto de rua da última terça-feira. Na 5ª Delegacia de Polícia Civil, por volta das 9h30, o delegado Ulisses Nascimento de Souza ouviu um dos supostos acusados de participação nos eventos que culminaram com o incêndio de um ônibus e a depredação de vários veículos.

O professor de história Felipe Serrano, de 26 anos, foi a única pessoa presa pela Polícia Militar sob a acusação de ter ateado fogo e causado "baderna" na avenida Bernardo Vieira. Felipe foi até a delegacia para o reconhecimento policial. Mas, de acordo com um dos advogados de defesa, o professor teria sido chamado para depor e prestar esclarecimentos, o que não ocorreu.

"Esperávamos que ele tivesse oportunidade de apresentar sua declaração, tendo em vista que serve para ajudar a Polícia Civil nas investigações. Pedimos para formular em ata que ele não depôs e para ter acesso aos autos policiais do processo investigativo, mas esse acesso nos foi negado pelo delegado", disse o advogado Gustava Barbosa.

A atitude do delegado Ulisses Nascimento de Souza, segundo o presidente da secção regional da Ordem dos Advogados do Brasil, Paulo Eduardo Teixeira, desobedece uma lei federal defendida no Estatuto de Advocacia e Código de Ética, que garante o acesso dos advogados aos autos criminais para formulação da defesa. "O advogado entrou em contato com a OAB, conforme prevê a lei em caso de descumprimento. As medidas cabíveis serão tomadas: uma representação na Corregedoria de Polícia e uma ação judicial para garantir o direito do advogado", esclareceu Paulo Teixeira.

Felipe Serrano chegou a delegacia com um braço na tipoia. Ele precisou fazer cirurgia em  dois dedos fraturados da mão esquerda e apresentava luxações no braço direito e escoriações no pescoço, joelhos e calcanhares. Ele atribui os ferimentos aos policiais militares que o prenderam e também a outros agentes de delegacias por onde passou na noite da terça-feira.

As investigações da Polícia Civil sobre a queima dos dois ônibus durante os protestos de rua vão ser baseadas, principalmente, nas imagens de vídeo armazenadas pelo Centro de Investigações Integradas da Polícia Militar e captadas pelas câmeras instaladas nas avenidas Bernardo Vieira e Salgado Filho. Além disso, a policia requisitou, imagens de câmeras de segurança privadas nas imediações de onde os ônibus foram incendiados.

Felipe Eduardo Oliveira Serrano, professor de história

Felipe Eduardo Oliveira Serrano nasceu em Natal há 26 anos. Professor de história, praticante de artes marciais, vocalista de uma banda de rock natalense, algumas tatuagens pelo corpo, uma pessoa que afirma gostar de estar com os amigos, praticar esportes, cantar e ouvir música. Desde a noite da última terça-feria ele já pode incorporar mais um item neste  sumário de currículo: é o único rosto a quem a polícia atribui a autoria concreta de atos de vandalismo, durante os protestos de rua que ficaram conhecidos como a "Revolta do Busão" e que resultaram em dois ônibus incendiados. Felipe foi preso como a pessoa que ateou fogo a um dos veículos (na av. Bernardo Vieira) e - pelo que a polícia disse até agora - com base em uma única evidência: ele estava correndo, tentando se afastar do centro da confusão. O professor foi preso e afirma que também agredido por policiais da ROCAM e do Grupo de Operações Especiais (GOE). Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, Felipe nega as acusações e admite que está com medo e apavorado por tudo que ocorreu. "Com certeza é algo que nunca mais vou esquecer. O medo de sair à rua, e ver cumprida as ameaças que me foram dirigidas dentro do camburão da viatura me consome".

Barriguda News
Via Tribuna do Norte-Alex Costa e Alberto Leandro

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