São Paulo, 14 (AE) - O número de professores com doutorado nas
instituições de ensino superior privado no País aumentou apenas 3,3
pontos porcentuais em uma década, de 2001 a 2010. Do total de docentes
nas entidades particulares, 15% têm grau acadêmico de doutor - cerca de
33 mil pesquisadores. Nas instituições públicas, o porcentual de
doutores saltou de 36% para 50% no mesmo período.
Os dados sobre a evolução na titulação dos professores fazem parte do
relatório do Censo da Educação Superior de 2010, consolidado em agosto
deste ano pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
(Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
No documento, o Inep afirma que o porcentual atual das funções docentes
de doutorado nas particulares é "bastante reduzido". Já a Associação
Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) - entidade que
representa 400 instituições privadas - alega que a maioria das unidades
particulares não tem o título de universidade.
Segundo o consultor educacional da Abmes, Celso Frauches, como a maioria
das instituições privadas é formada por centros universitários ou
faculdades, não haveria obrigação de realizar uma pesquisa com
professores de maior titulação nem de oferecer cursos de doutorado, por
exemplo. "Essas instituições não são destino do professor-doutor",
afirma Frauches.
Mas, segundo o professor da Faculdade de Educação da USP Ocimar
Alavarse, as faculdades devem sim "problematizar" algum tipo de
pesquisa. Segundo Alavarse, o professor com doutorado teria uma
preparação mais sólida. "O título de doutor não significa um título de
nobreza, significa que alguém passou pelo menos sete anos como
pesquisador."
Relevância
O MEC também destaca a importância dos doutores no conjunto das
instituições privadas. "Obrigatório ou não, é sempre bom um professor
titulado. A formação de pós-graduação é importante também nas
faculdades", afirma o secretário de Educação Superior da pasta, Amaro
Lins.
Para José Roberto Covac, presidente do Sindicato das Entidades
Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino de São Paulo (Semesp), o MEC
deveria oferecer mais vagas e bolsas de estudo nos programas de
pós-graduação. Ele alerta que a contratação de professores com maior
titulação e em regime de dedicação exclusiva para desenvolvimento de
pesquisa teria um impacto "evidente" na folha de pagamento das
instituições privadas. "O que pode gerar um risco de eventual elitização
do ensino", fala
Segundo Ana Maria Ramos, do Sindicato Nacional dos Docentes das
Instituições de Ensino Superior (Andes) em São Paulo, as instituições
privadas deveriam oferecer plano de carreira para o seu corpo docente.
O analista da Hoper Educação Alexandre Nonato destaca um outro ponto. De
acordo com ele, no interior do País e em alguns Estados não haveria
doutores em número suficiente para atender à demanda das instituições
particulares. "O MEC precisa encontra uma solução para ajudar as
privadas", afirma.
Essa questão pode ser confirmada ao se analisar os dados de formação de
doutores no País. Segundo o MEC, enquanto São Paulo formou quase 5 mil
dos 12 mil doutores em 2011, os Estados da Região Norte formaram apenas
214.
Domínio
O quadro de titulação nas privadas deixou de ser dominado pela
especialização. Em 2001, os docentes com nível de até especialistas eram
52%. No final da década, o porcentual ficou em 41%. Essa mudança fez
com que o número de mestres assumisse o topo, representando 43%do quadro
geral.
Barriguda News
Via Jornal de Fato-Agência Estado
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