Foto: Agência Brasil
Yahoo Notícias-Matheus Pichonelli
Pelas projeções divulgadas na véspera da votação, Dilma
Rousseff (PT) larga com seis pontos de vantagem em relação ao tucano
Aécio Neves na disputa do segundo turno. É pouco. No limite da margem de
erro, é uma distância semelhante à apurada em uma eventual disputa com
Marina Silva (PSB): 55% a 45%. Nas últimas semanas, o estafe petista
dizia ser indiferente o nome do concorrente nesta fase da campanha. Não
deveria: Aécio, que encerrou o primeiro turno com 33% dos votos, é hoje
um candidato muito mais forte do que a ex-ministra do Meio Ambiente, que
teve 21%. A presidenta encerrou a primeira fase com 41%.
O mineiro chega à etapa seguinte da campanha em trajetória ascendente
após passar quase dois meses na rabeira. Ele desbancou Marina Silva e
se firmou como o candidato anti-Dilma em um momento em que a rejeição à
presidenta beira os 35%. A rejeição a Marina na reta final era de 25%,
contra 10% do período anterior à megaexposição. Aécio esteve sempre
próximo de 21%.
A diferença nas taxas de rejeição é um primeiro trunfo do senador
sobre a presidenta nesta largada. Em relação a Marina Silva, o tucano
leva outras vantagens. Em São Paulo e no Paraná, por exemplo, os
governadores reeleitos do PSDB poderão se dedicar com tempo à campanha
presidencial. O mesmo ocorre na bancada de senadores e deputados eleitos
da legenda. O PSDB, portanto, possui mais base e mais estrutura do que
teria o PSB de Marina Silva – ou a parte da legenda que ainda a apoiava.
Exemplo disso é que o partido da ex-senadora, que em 2010 elegeu seis
governadores, até agora só garantiu vitória em Roraima e Pernambuco,
terra de Eduardo Campos. Nos demais, ou foi derrotado ou terá de suar no
segundo turno.
Aécio é também um candidato mais calejado que Marina. O atual senador
já foi líder de governo na Câmara e governador de Minas em duas
ocasiões. Marina já foi senadora, presidenciável e ministra, mas, na
reta final da campanha, mostrou fragilidade e abatimento, enquanto o
ex-governador mineiro demonstrava sangue frio. Marina começou a perder
votos à medida que a campanha petista apontava seu Calcanhar de
Arquiles: a fama de candidata vacilante após ela mudar de posição em
temas polêmicos como a criminalização da homofobia. O Calcanhar de
Aquiles de Aécio ainda precisará ser descoberto – o aeroporto na fazenda
do tio, construído com dinheiro público, não era uma bala de prata.
À primeira vista, é possível supor que a maior parte dos votos da
ex-senadora migre para Aécio, com ou sem o apoio formal dela. Mas ainda é
cedo para dizer. É possível que parte do eleitorado da ex-petista tenha
menos rejeição ao PT do que ao PSDB. Este movimento ainda precisará ser
analisado nos próximos dias.
Em compensação, Aécio terá mais dificuldade do que Marina para se
apresentar como representante da nova política, uma demanda captada
pelas ruas e vocacionada nas pesquisas de intenção de voto.
A não ser que um dos candidatos se desvie do “debate do retrovisor”, a
eleição deverá centrar-se, a partir de agora, menos sobre as metas até
2018 e mais sobre o histórico de serviços prestados pelos partidos de
cada um entre 1994 e 2004. A segunda fase da eleição será a fase do
“quem fez mais, quem fez menos”. Nos últimos anos, os ventos da economia
eram favoráveis e o PT, ainda dependente do ex-presidente Lula,
conseguiu prorrogar o mandato. Dessa vez os números já não são
incontestes. É ali que o adversário tucano pode crescer.
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