quarta-feira, 8 de outubro de 2014

OS ERROS DE MARINA NA CAMPANHA ELEITORAL




A queda de Marina Silva foi tão brusca quanto a ascensão. Após ficar 45 dias em segundo lugar nas pesquisas, a ex-senadora perdeu fôlego, foi superada por Aécio Neves e foi eliminada da disputa já no primeiro turno, numa das eleições mais surpreendentes desde a redemocratização.

Para especialistas ouvidos pela DW Brasil, a derrocada de Marina é fruto de uma conjuntura de fatores, como os ataques capitaneados por PT e PSDB, destinados a descontruí-la como candidata; as contradições de seu plano de governo; e a dificuldade de sua campanha de capitalizar o desejo de mudança de parte dos brasileiros.

“O tempo do PT na TV e rádio era muito maior, e a presidente Dilma Rousseff e seu partido elegeram Marina, e não Aécio, como alguém a ser batido. Houve uma desconstrução muito forte da imagem da pessebista por parte do PT”, diz o sociólogo Rodrigo Prando, do Mackenzie. “O PT usou de artilharia pesada, mas Marina ofereceu munição para ser criticada. Enquanto isso, Aécio não perdeu as esperanças e não desanimou.”

Munição para adversários

Cinco dias após a morte de Eduardo Campos, em 13 de agosto, Marina já aparecia à frente de Aécio na primeira pesquisa divulgada pelo Datafolha (21% contra 20%). Nas duas sondagens seguintes, alcançou o pico de 34%, para, a partir daí, começar a cair. No último domingo, teve apenas 21% dos votos válidos, patamar similar ao de quatro anos atrás, quando obteve 19%.

Alçada ao centro das atenções da corrida ao Planalto, Marina também passou a ser o principal alvo das críticas e questionamentos de seus adversários. Além disso, teve que se apressar para fechar um plano de governo, que, aos poucos, foi revelando contradições.

Marina chegou a ter em seu plano de governo, por exemplo, o apoio à ampliação de direitos de casais homossexuais, mas voltou atrás em menos de 24 horas após sofrer pressão dos evangélicos, que representam um quinto de seu eleitorado.

A falta de clareza em relação ao programa não deu segurança para o eleitor. E mesmo o brasileiro que buscava uma alternativa acabou, diante das urnas, recorrendo à opção mais tradicional, ainda que Marina dissesse representar uma "nova política".

Para Leonardo Paz, cientista político do Ibmec/RJ e coordenador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), Dilma e Aécio, com programas mais estruturados, tiveram munição para atacar a pessebista e mostrar que eram mais bem preparados.

“Marina queria ser uma presidente para todo o país e ficar acima de rixas partidárias. Ela mesma afirmou que gostaria de governar o país com os melhores de cada partido, o que não agradou a nenhuma das duas legendas”, afirma Paz. “Essas propostas ficam enfraquecidas quando o eleitor não vê muita clareza na capacidade dela governar de fato.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é importante! Este espaço tem como objetivo dar a você leitor, oportunidade para que você possa expressar sua opinião de forma correta e clara sobre o fato abordado nesta página.

Salientamos, que as opiniões expostas neste espaço, não necessariamente condizem com a opinião deste Editor.

COMENTÁRIOS QUE TENHAM A INTENÇÃO DE DENEGRIR QUEM QUER QUE SEJA, SERÃO EXCLUÍDOS

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...