Reprodução: TV Aparecida/Yahoo/Matheus Pichonelli
Marina Silva e Dilma Rousseff não se miraram. Com um pé no segundo turno, a candidata do PSB praticamente descansou em campo durante o debate promovido pela CNBB, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, na terça-feira 16. A presidenta, em contrapartida, voltou a ser o alvo preferencial dos concorrentes. Em uma das ocasiões, pediu direito de resposta para rebater uma fala do tucano Aécio Neves sobre a Petrobras. Em uma dobradinha com Pastor Everaldo, o senador mineiro usou as suspeitas de irregularidades na estatal, expostas na delação premiada de um ex-diretor da companhia, para dizer, “na casa de Nossa Senhora”, que os valores cristãos devem ser incorporados à vida pública. “A Petrobras é a face mais visível de um governo que abandonou um projeto de País”, afirmou.
Dilma acusou o golpe e teve o pedido de resposta aceito. A petista falou que não tolera corrupção e que as suspeitas são investigadas pelo próprio governo. Como tem feito em sua campanha na TV, ela atribuiu aos governos tucanos uma suposta negligência no combate a desvios e voltou a citar o engavetador-geral da República, como era conhecido o procurador Geraldo Brindeiro, que atuou nos anos FHC.
Na pergunta seguinte, foi Aécio quem se tornou alvo, desta vez de Luciana Genro (PSOL). “O Aécio falando do PT é o sujo falando do mal lavado. O PSDB foi o precursor do mensalão, com seu conterrâneo Eduardo Azeredo, e com a Privataria.” O tucano reagiu e chamou a candidata de linha auxiliar do PT. Foi quando a conversa engrossou. “Linha auxiliar do PT uma ova. O PT aprendeu com o senhor. O senhor não tem proposta para debater a corrupção. O senhor é tão fanático pela corrupção que constrói aeroporto com dinheiro público para beneficiar a sua família”.
Aécio pediu direito de resposta, chamou a candidata de irresponsável e disse que o povo mineiro tinha orgulho do aeroporto. Pelo Twitter, eleitores lembravam que Aécio corre o risco de ficar em terceiro lugar entre os eleitores do seu Estado, onde seu candidato, Pimenta da Veiga, aparece 20 pontos atrás do petista Fernando Pimentel nas pesquisas de intenção de voto.
Após o bate-boca, Aécio ajeitou a gravata e mudou de assunto. A troca de acusações acabava de fechar o mais tenso debate entre os candidatos, embora uma de suas protagonistas, Marina Silva, tenha sido poupada desta vez.
Ao longo do encontro, a maioria dos postulantes tentou ganhar a plateia com evocações a família e ao direito à vida. Levy Fidelix, do PRTB, chegou a dizer que os meios de comunicação faziam apologia à homofobia e destruíam os valores familiares.
Eduardo Jorge, candidato do PV, e Luciana Genro, destoavam do figurino. O primeiro chamou a lei que criminaliza o aborto de machista e cruel. “Deixa sem assistência cerca de 800 mil mulheres que precisam interromper a gravidez”. Genro, por sua vez, defendeu laicidade do Estado e o casamento igualitário, provocando constrangimento ao apresentador, que apenas agradeceu, de forma protocolar, a resposta. Ela cumpria, dessa maneira, a promessa feita no início do debate: “Não sou religiosa e não vou me converter ao sabor de uma necessidade eleitoral”.
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