Por Félix Gomes Neto (Advogado)
Vejo na mídia que algumas autoridades da região, festivamente
na manha/tarde dessa quarta feira na cidade de Apodi/RN, manusearam os talheres
na carne de jumento em um banquete. Não pretendo criticar ou parabenizar. Quem
sou eu? Ali estavam presente ás autoridades que representam a sociedade,
pertencentes aos poderes constituídos e claro. muitos curiosos que foram lá vê
para crê.
Eu mesmo não tenho pretensão e muito
menos apetite para inserir a carne daquele que andou com Jesus no seu lombo.
Pode até não ser contra a lei, mas a minha formação e convicção não permite. O
jumento é nosso irmão, já cantava Luiz Gonzaga.
Não conseguirei chegar no shopping e
solicitar: Quero um jumentoburg ou mesmo, atender ao telefone e dizer: Não
posso ir agora, estou numa jumentada! (expressão usada pelo reporte da Rede
Record)
A respeito do assunto, será oportuno
lembrar que o Deputado RICARDO IZAR
do PSD/SP é autor do Projeto de Lei
n.º 5.949, de 2013 que dispõe sobre a proibição de abate de
equinos, equídeos, mulas e jumentos em todo o Território Nacional, ele informa
que boa parte dos, jumentos e outros animais derivados levados aos abatedouros
são vítimas de abandono e de exploração e que por tal motivo, será necessário
proibir o abate desses animais.
Na justificativa do projeto, RICARDO IZAR do PSD/SP, informa que a CF prioriza a proteção ao meio ambiente. Eles,
os jumentos, segundo o Deputado, não são considerados como bens semoventes,
coisa ou recurso materiais, são considerados constitucionalmente como sujeitos
jurídicos tutelados pelo Estado, sendo crime o ato de abusar,
maltratar, ferir ou mutilar indo de encontro do mandamento da tutela à fauna.
Traz comentários a
respeito de conflito de normas, informando que o
Brasil não permite o consumo de carne de equinos e equídeos, de maneira que o
abate ofende não apenas a lei como a própria Constituição Federal. Alerta: “Quem antevê a
crueldade e nada faz para evitá-la, quem não se preocupa em momento algum com o
bem-estar deles, contribui, ainda que indiretamente, para perfazer aquilo que a
constituição não deseja, conforme as leis de causa e efeito. Trata-se, de certa
forma, do principio da extensão de responsabilidade consagrada no artigo 29 do Código
Penal. (...) Compete ao poder
público defender e preservar o meio ambiente, nele compreendido a fauna
(Constituição Federal, art. 225, § 1º,
inciso VII), compreendido nesse contexto
a proteção da saúde humana e a da saúde e bem-estar dessas espécies.”
Relembra na sua justificativa, a
história da década de 60, quando na
Câmara dos Deputados, CARLOS VERGAL,
diante da tribuna lançava o apelo ao Presidente Jânio Quadros: “Faço daqui apelo ao Presidente da
República. S. Exa. o Dr. Jânio Quadros, que proibiu as brigas de galo. Que
proíba também a eliminação desses nobres animais”.
Sob tal assunto,
recomendo a leitura do artigo: O JUMENTO NÃO É CASADO, MAS NO SERTÃO ELE TEM
FAMÍLIA, publicado pelo historiador Antônio Machado, cronista do jornal Tribuna
do Sertão de Palmeira dos Índios (http://www.maltanet.com.br/colunas/antoniomachado/735#) que de forma sábia saiu em defesa
do jumento. Segue alguns trechos:
“O homem na natureza
possui o domínio dos animais, submetendo-os ao seu jugo, mas lhe cabe também o
dever de sua preservação na natureza e na escala dos seres, não deixando que as
espécies se acabem.
(...)
No Nordeste o jumento encontrou uma terra
fértil para sua sobrevivência, vamos encontrá-lo ao lado do homem, ajudando-o
no seu labório, no trabalho de construção de estradas, sim, foi no passado, o
jumento pertencente à família dos Équo, quando não havia as máquinas potentes
de hoje, era o jumento quem carregava tudo no lombo, com caçambas alçadas ao
seu dorso, prestando um grande serviço ao Nordeste, tanto foi assim, que o
Gonzagão o chamou de “grande brasileiro” o lendário Padre Vieira dedicou uma
obra ao jumento, exaltando seus valores e trabalho incansável sempre ao lado do
homem, além de lhe servir de transporte , seu trabalho na agricultura
constituiu-se importante, ajudou o homem a construir sua casa, auxiliou na
estrada e o levou para a feira, daí seu valor como bom nordestino.
(...)
Seria muito bom que as
Prefeituras com o Ministério Público, criassem mecanismos de se proteger mais
esse brasileiro, esse pai de família sertanejo, tão importante e tão anônimo,
porque o jumento faz parte também de nossa história”.
Nisso tudo, resta lembrar Gonzagão,
quanto cantava: Seu Luiz, comi seu milho e como, e como, e como...
Gostaria de saber como agiria o REI DO BAIÃO ao saber que em breve o VELHO ROCHIM será extinto. È algo a se
pensar.
Entendo que a Sociedade deverá
discutir o problema, pois, a democracia exige os conflitos de opiniões. Entendo
também que já está sendo discutindo, contrariando alguns mais radicais. È o que
percebo independente da formação cultural, politico, religiosa ou jurídica de cada
um.
Vamos discutir o problema. O jumento
merece. Volto a dizer O JUMENTO É NOSSO
IRMÃO.
UMA IDEIA OU PROPOSTA MUITO CHOCANTE. SE ISSO ACONTECER MESMO OS ABATEDOUROS CLANDESTINOS FICARÃO LOTADOS DE CARNES DE JUMENTOS PELOS TRAFICANTES. E, O POVO COMERÃO CARNE DE JUMENTO CHEIA DE TODO TIPO DE DOENÇAS PENSANDO QUE É CARNE BONVINA. AS AUTORIDADES POLÍTICAS, SANITÁRIAS, ETC, DEVEM FAZER ALGUMA COISA PARA IMPEDIR QUE TAL COISA ACONTEÇA. ISSO É UMA PROPOSTA ASNEIRADA.
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