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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar contratos
da Petrobras, aprovada no Senado, talvez não venha a ser do interesse do
atual presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves
(PMDB). O potiguar está sendo apontado pela revista Veja, que está nas
bancas, como suposto beneficiário de recebimento de propina por meio de
esquema de corrupção envolvendo contratos da Petrobras.
No rastro da compra escandalosa da refinaria de Pasadena, no Texas,
EUA, sinônimo de prejuízo de 1 bilhão de dólares para o Brasil, as
notícias sobre corrupção na Petrobras se alastram a uma velocidade
surpreendente. Na semana passada, o Senado aprovou a realização de uma
CPI. Nesta semana, a Câmara definirá se também aprova a CPI, gerando, em
caso afirmativo, uma CPMI – Comissão Parlamentar Mista de Investigação –
para investigar todos os rumores. O cerco à Petrobras está sendo feito
em vários segmentos de fiscalização. Além da CPI, órgãos de controle
como o Tribunal de Contas da União (TCU) também se debruçam sobre o
caso. Auditores do TCU apuram indícios de aumento artificial do preço da
refinaria da Pasadena.
Em meio às denúncias, surge o presidente da Câmara dos Deputados,
Henrique Alves. Ele é apontado pelo ex-ministro das Cidades do governo
Dilma Rousseff, deputado federal Mario Negromonte (PP-BA), como tendo
ascendência política sobre o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa, preso pela Polícia Federal por suspeita de lavagem de dinheiro. A
PF investiga se ele receberia propina para repassá-la a um consórcio de
partidos, liderados pelo PMDB.
Segundo a revista, Paulo Roberto Costa foi indicado para a Diretoria
de Abastecimento da Petrobras pelo PP, mas “passou a prestar serviços
para senadores peemedebistas e deputados do PT”. “Essa turma tentou
mantê-lo no cargo, mas foi derrotado por Graça Foster, que chegou a
dizer, em reservado, que ele se ‘locupletava’ no cargo”, afirma a
revista.
Paulo Roberto Costa é apontado como epicentro de um esquema
gigantesco de corrupção, cujas propinas variavam à casa de bilhões de
reais. Além de participar da compra de Pasadena, o ex-diretor da
Petrobras foi protagonista do projeto de construção da refinaria de
Abreu e Lima, cujo orçamento saltou de R$ 2,5 bilhões para R$ 20 bilhões
com a saída da venezuelana PDVSA. A saída da petrolífera estrangeira do
negócio gerou a suspeita de superfaturamento e a entrada da Polícia
Federal em ação, que passou a investigar o caso.
As suspeitas são de que centenas de milhões de reais da Petrobras
tenham sido desviados dos cofres da maior empresa nacional, fato que tem
gerado a abertura de outros inquéritos pela PF. Outro negócio da
Petrobras que está sob a mira da PF são as negociações da refinaria de
San Lourenzo, na Argentina. A Petrobras vendeu a planta por 110 milhões
de dólares.
Segundo denúncia do lobista e ex-dirigente da estadual João Augusto
Henriques, ligado ao PMDB, do total de R$ 110 milhões da transação, R$
10 milhões iriam para os intermediários sob a forma de propina, que
repassariam, ao menor, R$ 5 milhões a deputados do partido. É nesse
contexto que surge o doleiro Alberto Youssef. Ele é suspeito de atuar
como operador financeiro e registrou na planilha uma comissão de R$ 7,9
milhões que segundo a PF teria sido paga pela empreiteira Camargo
Correia, que é uma das responsáveis pela construção da refinaria Abreu e
Lima.
Toda essa história provoca calafrios em políticos graúdos. Até o
fechamento desta edição, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves,
não havia se manifestado sobre a citação ao seu nome.
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