Rio de Janeiro - O ex-presidente da República Fernando Henrique
Cardoso tomou posse, ontem à noite, como membro da Academia Brasileira
Letras (ABL), no centro da capital fluminense. A cerimônia ocorre no
Salão Nobre do Petit Trianon. Ele vai ocupar a cadeira 36 que ficou vaga
com a morte do jornalista João Scantimburgo, em 22 de março deste ano.
Fernando Henrique é o terceiro ex-governante do Brasil eleito para
ABL. Em 1941, Getúlio Vargas assumiu a cadeira 37 e, em 1980, José
Sarney tomou posse da cadeira 38. Na eleição foram 24 votos de
acadêmicos presentes à sede da academia, no centro do Rio, e 14 por
carta. Houve ainda uma abstenção. Fernando Henrique recebeu 34 dos 39
votos possíveis e concorreu com dez escritores.
O ex-ministro Celso Lafer, que ocupa a cadeira 14, fez a saudação ao novo imoral da academia. Ele disse à Agência Brasil
que falará de sua amizade com Fernando Henrique. “Tenho uma amizade com
ele de mais de 40 anos. Vou falar do que significa a amizade e o que
representa a obra dele", declarou.
Fernando Henrique foi presidente da República por dois mandatos
sucessivos, de 1995 a 2002. Ele nasceu no Rio de Janeiro em 18 de junho
de 1931, é doutor em sociologia e professor emérito da Universidade de
São Paulo (USP). Fora do país foi também professor em universidades como
Stanford, Berkeley e Brown, nos Estados Unidos; Cambridge, no Reino
Unido; Paris-Nanterre e Collège de France, na França, e Ipes/Cepal, em
Santiago do Chile.
Com sua atuação política teve os direitos políticos cassados em 1964
pelo regime militar e exilou-se na Europa e no Chile. Quando voltou ao
Brasil ingressou no então MDB e foi eleito senador por São Paulo. Em
1988, participou da fundação do Partido da Social Democracia Brasileira
(PSDB), do qual é presidente de honra. Antes de ocupar a presidência da
República, Fernando Henrique foi ministro das Relações Exteriores e da
Fazenda no governo Itamar Franco (1992-1994).
O novo membro da ABL é autor ou coautor de livros de sociologia e de
análise de sua atuação como político, além de artigos acadêmicos. Uma de
suas obras, Dependência e Desenvolvimento, escrita em
coautoria com Enzo Falletto, publicada originalmente em espanhol, em
1969, é considerada marco nos estudos sobre a teoria do desenvolvimento.
O livro teve dezenas de edições, em 16 idiomas.
O último livro, lançado em junho deste ano, Pensadores que Inventaram o Brasil,
revê textos de autores como Florestan Fernandes, Celso Furtado,
Gilberto Freyre. Os temas tratam de democracia, de desenvolvimento
econômico e de promoção da justiça social, entre outros.
Barrigua News
Via Agência Brasil
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