Do lado esquerdo, a primeira página do cordel original; à direita, o mesmo trecho com modificações.
Um dia após a Justiça Federal em Pernambuco (JFPE) liberar a
circulação e venda do cordel intitulado "A lei da Previdência para a
aposentadoria", censurado a pedido do Instituto Nacional de Seguridade
Social (INSS), o procurador-geral da União, Marcelo Siqueira, informou
ao G1, nesta sexta (6), que vai apurar os procedimentos adotados pela
procuradoria local no caso, que considerou atípico. "Esse caso não
passou aqui [na direção central]. Eu só soube há meia hora, pela notícia
de vocês. O que eu posso te assegurar é que em nenhum momento a
Procuradoria Geral Federal atua no sentido de cercear a liberdade de
expressão, principalmente em uma obra artística, como o cordel", disse.
O polêmico cordel foi feito por Davi Teixeira, 54 anos, natural de
Bezerros, no Agreste do estado, que trabalha com este tipo de literatura
desde 2005. De acordo com a Justiça, um exemplar da obra chegou às mãos
do Grupo de Proteção do Nome e Imagem das Autarquias e Fundações
Públicas Federais, que entendeu que ali havia "conteúdo depreciativo à
imagem do INSS".
O grupo encaminhou processo administrativo para a Procuradoria
Regional Especializada do INSS (PRE/INSS), que entrou em contato com o
cordelista. Em audiência realizada em abril deste ano na PRE/INSS, o
artista se comprometeu a modificar o conteúdo do cordel, no prazo de 90
dias, adequando o texto ao "Programa de Proteção do Nome e Imagem das
Autarquias e Fundações Públicas Federais".
Davi Teixeira narrou ao G1 o encontro na PRE/INSS e afirmou que se
sentiu intimidado a realizar as mudanças solicitadas, chegando a queimar
600 folhetos da obra. Insatisfeito por ver seu cordel modificado e
proibido de circular, na manhã da última quinta (5), entrou com uma ação
na Justiça. O advogado do cordelista, Paulo Perazzo, alegou que o
cliente foi coagido, sofrendo uma "pressão indevida, injustificada e sem
amparo legal". À tarde, o juiz titular da 3ª Vara Federal, Frederico
Azevedo, proferiu, liminarmente, decisão favorável.
O procurador-geral confirmou a existência do programa que, segundo
ele, atua sobre quem usa o nome de autarquias e fundações para se
beneficiar ou ataca as imagens delas de forma ilegítima. A
Procuradorial-Geral Federal (PGF) defende 159 autarquias e fundações.
"Eu não creio que [as procuradoras locais] tenham atuado com a
perspectiva de intimidá-lo, até por serem de Pernambuco e terem
conhecimento do cordel. Prefiro não adiantar o prazo da apuração nem o
que pode acontecer [com as funcionárias], prefeiro ter mais dados sobre
caso", disse.
O prourador-geral ainda destacou que, este ano, outras procuradorias
locais denunciaram livros paradidáticos à direção central da PGF. "Os
livros faziam críticas ou considerações sobre trabalhos de autarquia e
fundações defendidas por nós, mas [os procedimentos] foram arquivados
para a garantia da manifestação do pensamento. Uma prova importante de
que o INSS valoriza o cordel é que, em 2012, em parceria com a AGU
[Advocacia-Geral da União] e a Universidade Federal da Paraíba, editou o
cordel a "Previdência em Cordel" para explicar como funciona o
serviço", comentou. Antes, em 2011, Procuradoria-Geral da União (PGU),
da Advocacia-Geral da União, lançou cordel "Um pouco da História da AGU
em versos", escrito por um servidor do órgão.
Via O Nordeste.com
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