André e Márcia estão juntos há mais de 20 anos e vivem como qualquer
casal, dividindo o tempo entre o trabalho e o cuidado com os dois filhos
adolescentes. Alguém jamais imaginaria que por trás daquele homem tem
uma história triste e ao mesmo tempo de superação.
Quem vê o casal levando uma vida feliz e simplória, não imagina que
tudo começou por trás das grades quando André cumpria pena por assalto,
em um extinto presídio do Rio Grande do Norte.
"Envolvi-me com um esquema alto, de bandidos perigosos, que
desafiávamos constantemente a polícia e a sorte com a nossa ousadia e
coragem. Porém, em um desses assaltos acabei sendo preso e levado a
julgamento. Pelos crimes cometidos fui sentenciado a 23 anos, seis meses
e 10 dias de reclusão, em regime fechado, no entanto, com a condenação,
o que parecia um pesadelo se tornou uma porta aberta para o futuro,
pois conheci Márcia quando fui transferido de Mossoró para o antigo
presídio João Chaves, em Natal", explicou.
O ex-presidiário conta que Márcia trabalhava no serviço de limpeza da
unidade e num dia de ação solidária no presídio a conheceu. "No começo
foi muito complicado encontrá-la, devido ela prestar serviços na ala
feminina. Ela passou a me ajudar e acreditar que eu poderia mudar e
resolveu apostar no nosso futuro e em uma relação aparentemente
perigosa, afinal estava se envolvendo com um bandido", disse.
Do
fruto do relacionamento de André e Márcia nasceram dois filhos, que se
orgulham dos pais e de como tudo aconteceu. Hoje a família vive em
Caraúbas, depois que André conseguiu sair da prisão.
O caso de André e
Márcia é considerado raro, diferentemente de outras histórias que
tiveram o desfecho triste por apostar em um romance que começou na
prisão e acabou de forma trágica, como é o caso de uma jovem de classe
média alta, residente no bairro Nova Betânia, em Mossoró, que conheceu
um rapaz "barra pesada" e foi viver com ele um "amor bandido".
Ela
conta que tudo ia bem até que um dia a polícia cercou sua casa e em uma
troca de tiros o companheiro morreu. Na residência foram encontradas
armas de grosso calibre e drogas, o que lhe rendeu mais de cinco anos de
prisão em regime fechado.
"O cárcere representou para mim o pior
momento da minha vida. Foi lá que conheci o amargo da vida e os piores
momentos que jamais imaginei um dia passar. Meus amigos, minha família
se afastaram de mim e eu compreendi que aquilo seria o preço de uma
escolha errada", explicou a jovem, hoje com 27 anos.
O psicólogo João
Valério Alves Neto explica que a este tipo de comportamento dá-se o
nome de "Estreitamento de Consciência", onde uma pessoa quer viver novas
aventuras de vida, independente do desfecho que a história possa ter.
"Esse
tipo de comportamento não pode ser tratado como patologia, pois
independente da forma como possa ocorrer o desfecho final é considerado
normal. O que poderia ser feito para mudar essa realidade, teria que ter
sido proporcionado pela família, no momento da formação do indivíduo.
Se a família tivesse trabalhado de forma correta, o rumo poderia ter
sido outro", destacou.
Para João Valério, a história que teve como
pano de fundo a prisão, seguramente aconteceria em qualquer outra
circunstância. "A prisão em si foi apenas uma consequência, a história
aconteceria independente do local", concluiu.
Mulher deixa marido, família, emprego e cidade para morar próximo da prisão onde o amante cumpre pena
A auxiliar de serviços gerais, que aceitou dar entrevista ao jornal O
Mossoroense, identificada como Irene (nome fictício), conta a sua
história de vida, em busca de um amor bandido.
Ela disse que durante
10 anos foi casada com um homem trabalhador que vivia exclusivamente
para ela e os três filhos, no entanto jogou tudo para o alto e foi viver
o que seu coração pedia. "Certa vez minha vizinha me chamou para fazer
uma visita ao irmão dela que estava preso na cadeia pública de minha
cidade. Quando chegamos lá, minha vida mudou. Conheci um rapaz, paixão à
primeira vista. Daí em diante largar tudo foi questão de dias",
contou a mulher.
Ela disse que após o primeiro encontro com o atual
companheiro, logo se separou da família. "Pra complicar mais a situação o
meu 'amor' foi transferido para a cidade de Pau dos Ferros, para o
presídio de lá. Tive que deixar tudo e me mudar para perto dele. Faz
dois anos que estamos juntos e ele ainda tem sete anos para cumprir em
regime fechado. Vou esperar do lado dele", concluiu.
Aposentada vende tudo que tem para tentar livrar filho que cumpre pena por homicídio
As
histórias de amor por trás das grades não se limitam apenas a romances
perigosos. A história de dona Maria Dolores é um exemplo de amor por um
dos filhos que foi condenado a 15 anos de prisão por um homicídio
cometido em 2004, quando na ocasião em uma briga de bar, ele descarregou
a arma, um revólver calibre 38, em um antigo amigo.
De acordo com a
aposentada de 68 anos, o filho sempre foi um exemplo para ela e o que
ocorreu poderia acontecer com qualquer um. Desde que foi preso, a
aposentada vendeu casa, carro e gastou algumas economias que tinha
conseguido juntar ao longo dos anos.
"Meu filho sempre foi tudo pra
mim, o que já gastei com ele não é nada perto das alegrias que ele já me
deu. Faria tudo de novo e só vou sossegar quando vê-lo longe das
grades. Em nome dele e da nossa família, peço perdão aos familiares que
ele causou sofrimento" destacou.
"Dona Maria Dolores é um exemplo de
mulher, capaz de ir até as últimas consequências pelo filho. Isso pode
ser considerado normal, é uma forma de proteger para a vida toda o seu
filho", destacou João Valério, psicólogo.
Barriguda News
Via O Mossoroense-Redação
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