ALEX MEDEIROS
O
voto obrigatório é uma excrescência. Um engodo fabricado pelos partidos
de direita, de centro e de esquerda; um atentado à democracia e à
cidadania, praticado pelas instituições que deveriam respeitar a
Constituição e os valores republicanos no Brasil.
A
campanha publicitária que a Justiça Eleitoral veicula na TV é uma
mentira, uma mensagem ilusória tão desprovida de verdade quanto as
cantilenas diárias de pastores e padres nos templos comerciais que
desvirtuam as palavras do próprio Jesus Cristo.
Quando
ouço o locutor da propaganda dizer que o TSE é o “tribunal da
democracia”, me vem à lembrança o desaforo do personagem Vavá,
interpretado por Luiz Gustavo no sitcom “Sai de Baixo”. A vontade que dá
é gritar no vídeo, “Aqui, Farroupilha!!!”.
O
simulacro de liberdade cidadã no famigerado voto obrigatório é fruto de
uma enorme cumplicidade entre políticos de todos matizes ideológicos,
magistrados, promotores e até a própria imprensa. Todos defendem sua
manutenção, cada um com seus motivos.
Se
há um “tribunal da democracia” num regime republicano, este é, deveras,
o Congresso Nacional, ou então, em circunstâncias extraordinárias, o
Supremo. Nas grandes nações democráticas, nem mesmo existe a dispensável
justiça eleitoral.
Toda
a legislação eleitoral em vigor no Brasil é um caldeirão de aberrações
jurídicas, um conjunto de obrigações paradoxais diante de um sistema
político que se diz e se quer livre e democrático. E o pior: os únicos
culpados por isso são os parlamentares.
Criada
e aprovada no Congresso, onde é remendada ano após ano e alinhavada
pelas agulhas da interpretação a granel dos juízes, a Lei eleitoral não
contribui como deveria com o desenvolvimento do processo das eleições no
país, muito pelo contrário.
Aliás,
por falar em costura, a legislação eleitoral parece mais com o sudário
que Penélope tecia e desmanchava e jamais o entregava a Laerte, o pai do
marido Ulisses. E pensar que a Constituinte de 1988 foi cerzida pela
esperança de um outro Ulysses.
A
atual Lei que rege as eleições virou uma colcha formada por retalhos de
hipocrisia, engessando toda a liberdade de comunicação dos candidatos,
eles próprios parte da categoria que forja os capítulos e incisos de um
ridículo manual da censura.
Proíbe-se
o uso de bonés e camisetas, símbolos maiores da militância partidária
que todos sonham um dia existir no espectro sociológico do país. O
argumento é de que são brindes, vantagens materiais. Ora, e o que diabos
são dinheiro em espécie e tijolos?
Na
minha dosimetria de leigo e de cidadão violentado pelo voto
obrigatório, reduzo a culpa dos juízes e promotores no caso, em que pese
a interpretação inquisitorial que acabam tendo no processo. Os grandes
culpados são mesmo os deputados e senadores.
Não
consigo entender como alguém cria leis para atrapalhar a si mesmo.
Porque nesse tempo todo de democracia meia-boca, não vi uma só eleição
em que partidos e candidatos não passassem por situações vexatórias por
causa da legislação em vigor.
Quando
observamos as maiores democracias do mundo, os países mais
desenvolvidos, todos com voto livre e facultativo, com suas eleições sem
amarras, com seus debates sem imposições à mídia, fica uma pergunta:
eles estão errados e o Brasil está certo?
Alguém
já se perguntou por que durante as eleições brasileiras, nações como os
EUA, Inglaterra, Alemanha, Japão, França, Dinamarca, Itália, Canadá ou
até mesmo a Argentina não enviam observadores? Mas não faltam enviados
das republiquetas.
É
um cinismo de políticos, juízes e jornalistas tentar convencer a
população de que o voto obrigatório é um direito, uma conquista
democrática. Uma ova! É tudo uma aberração levada ao patamar de uma
legalidade paralela à Constituição Federal.
Por Alex Medeiros
Via O Santo Ofício
LINK
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é importante! Este espaço tem como objetivo dar a você leitor, oportunidade para que você possa expressar sua opinião de forma correta e clara sobre o fato abordado nesta página.
Salientamos, que as opiniões expostas neste espaço, não necessariamente condizem com a opinião deste Editor.
COMENTÁRIOS QUE TENHAM A INTENÇÃO DE DENEGRIR QUEM QUER QUE SEJA, SERÃO EXCLUÍDOS