NOVO JORNAL - Alecsandro Cristiano recorda daquele dia, quase três anos atrás, com tristeza e arrependimento. Em agosto de 2013, após se envolver em uma discussão com a esposa e o enteado, o mecânico eletricista tomou uma das piores decisões de sua vida: agrediu a mulher. Os vizinhos foram quem chamaram a polícia e ele foi detido, autuado na Lei Maria da Penha, que protege vítimas de violência doméstica em todo o país.
Por ser réu primário,
Alecsandro pôde responder o processo em liberdade. No entanto, como parte do acordo
feito com a Justiça, o eletricista de 41 anos de idade precisa participar
periodicamente de atividades de ressocialização.
Foi assim que ele conheceu o
Grupo Reflexivo de Homens, mantido pelo Núcleo de Apoio à Mulher Vítima de
Violência Doméstica (NAMVID) do Ministério Público do Rio Grande do Norte
(MPRN).
A iniciativa pioneira entre
órgãos públicos de todo o país, criada em 2012, tem uma taxa de recuperação de
100%. Ou seja, nenhum dos 300 agressores que já passaram pelo programa nesse
período reincidiu em práticas violentas.
O excelente índice inspirou outros
Ministérios Públicos do país e serviu, até mesmo, como justificativa para uma
alteração na própria Lei Maria da Penha. Aprovada recentemente no Senado
Federal, a modificação quer obrigar homens autuados em crimes contras as
mulheres a participarem de grupos lúdicos como esse.
De acordo com a coordenadora
do NAMVID, a promotora Érica Canuto,
uma das metas traçadas com a criação do Grupo de Homens era a de reabilitar
pelo menos 50% dos acusados de crimes contra as mulheres. Entretanto, os
resultados têm sido bem melhores que o esperado.
“Os grupos reflexivos, de um
modo geral no país, chegam a apresentar uma taxa de reincidência de até 2%. Nós
começamos há três anos e temos um índice zero. Ou seja, estamos abaixo até da
média nacional”, comemora.
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