Fonte: Livro Alexandria - Retratos de Uma História
Autor: George Veras - 2007
Foto: Asseniz - Acervo Família Waldemar Veras
RELATO SOBRE A SECA DE 1958
A década de 50 foi particularmente
difícil para o Nordeste. Marcada por duas grandes secas – as de 1952
e 1958 – a Região, que detinha um terço da população do País, parecia
fadada ao subdesenvolvimento e ao descaso do poder público. Comunidades
inteiras apresentavam acentuadas quedas nos padrões sócio-econômicos.
Proliferavam o desemprego, a fome, a miséria e a mortalidade infantil.
Só em 1958, a renda per capita nordestina registrou uma redução de 15%
e os índices de produção caíram em 6% no que se refere à sua participação
na renda nacional.
O Nordeste mantinha-se
entregue às oligarquias que se beneficiavam da situação, explorando
a chamada ‘indústria da seca’. As ações em favor da Região limitavam-se
a obras esporádicas e de caráter paliativo. De acordo com o ex-coordenador
de Informação para o Planejamento e atual Consultor da Sudene, Herôdoto
Moreira, até então não existia uma política pública específica contra
a seca e muito menos um plano de trabalho voltado ao desenvolvimento
das atividades agrícolas e industriais. O País precisava de uma plano
de trabalho que contemplasse a Região e levasse em consideração as suas
particularidades.
Em meio a um clima de desesperança, a própria sociedade
nordestina, liderada por alguns setores de participação mais ativa na
vida regional, a exemplo da Igreja, dos sindicatos e de alguns facções
políticas menos conservadoras, mobilizou-se, conquistou a opinião pública
e pressionou o Governo Federal no sentido de adotar medidas mais firmes
em benefício do Nordeste.
Em 15 de dezembro de 1959, o Congresso Nacional aprovava
a criação da Sudene, sendo nomeado para o cargo de superintendente,
o economista paraibano Celso Furtado.
Fonte: Cardernos do Nordeste - OUT 2000
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