O ex-braço direito do goleiro Bruno Fernandes, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, admitiu na madrugada desta quinta-feira (22) que entregou a amante do jogador, Eliza Samúdio, para um desconhecido com a promessa de que ela seria levada para conhecer um apartamento que Bruno daria a ela em Belo Horizonte, mas já "pressentindo" que ela seria executada. Macarrão disse que seguia ordens do atleta, que o chamou de "bundão", e afirmou que teme por sua vida por ser um "arquivo vivo".
"Guardei isso tudo dois anos, quatro meses e 22
dias. Não aguentava mais porque não sou esse monstro que todo mundo
colocou. Não sou o Luiz Henrique traficante, que acabou com a vida do
Bruno. Se alguém acabou com a vida, foi ele que acabou com a minha. Sei
que agora sou X9 (alcaguete), mas minhas filhas estão crescendo.
Agora
sou um arquivo vivo. Tenho medo de morrer", afirmou, durante depoimento
que, no meio da madrugada, já ultrapassava três horas de duração no
julgamento pelo assassinato de Eliza, desaparecida desde junho de 2010.
Macarrão narrou toda sua relação com o goleiro, mas evitou qualquer
citação ao ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola,
acusado de ter executado a vítima. "Ele não vai acusar o Bola, porque
teme pela vida de sua família", afirmou o advogado José Arteiro,
assistente da acusação no processo.
As declarações foram feitas após a exibição de vídeos com reportagens
sobre o caso, além das imagens com o relato de Sérgio Rosa Sales sobre
os últimos dias de Eliza Samúdio no sítio de Bruno em Esmeraldas, na
região metropolitana de Belo Horizonte. Sales era primo de Bruno e era o
único acusado do homicídio de Eliza que aguardava o julgamento em
liberdade, mas foi assassinado em agosto. O relato dele foi essencial
para as investigações em torno do caso.
Entre os vídeos exibidos estava também uma conversa de Bruno com
policiais civis que fizeram a escolta do goleiro do Rio de Janeiro para
Belo Horizonte, após ele ser preso por determinação da Justiça. Bruno
chega a dizer que, diante de tudo, "não confia" mais em Macarrão.
Antes de começar a ser interrogado pelo promotor Henry Wagner
Vasconcelos e pelos advogados de defesa, Macarrão disse também que
queria pedir perdão a Elenílson Vitor da Silva, Wemerson Marques de
Souza, o Coxinha, e a outra ex-namorada de Bruno, Fernanda Gomes de
Castro, também réus no processo que devem ser julgados a partir de 4 de
março de 2013, data marcada também para o julgamento do goleiro e de
Bola. "Aconteceram várias coisas nesses dois anos e meio que complicaram
a vida deles", afirmou, referindo-se ao período em que foi morar no Rio
de Janeiro trabalhando para o jogador.
Via O Estadão - Por Marcelo Portela
Foto: Revista VEJA
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