O
desembargador Cláudio Santos decidiu: deixará o Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Norte (TJRN) para colocar o seu nome no tabuleiro da sucessão estadual
2018. A decisão será oficializada em fevereiro próximo, quando o Judiciário
retornará das férias de fim de ano. Ele, inclusive, já comunicou aos colegas de
Corte. E não voltará atrás.
Cláudio
Santos quer ser candidato a governador. Ideia fixa. Ele entende que o caminho
está aberto diante de um cenário de incertezas que afeta os políticos
tradicionais. A sua chance, observa, é alimentada pela fragilidade do governo
Robinson Faria (PSD), mergulhado em crise e com popularidade em baixa; pelo
desgaste dos grupos da “velha política”; e ausência de um nome forte ao cargo
de governador.
No entanto,
o desembargador é consciente que para encabeçar uma chapa majoritária forte,
com possibilidades reais de disputar o governo com sucesso, ele terá que buscar
a companhia de grupos tradicionais como Alves, Maias e Rosados, uma vez que as
vias alternativas já estão devidamente preenchidas pela pré-candidatura da
senadora Fátima Bezerra (PT). Além disso, do lado oposto aos Alves, Maias e
Rosados, já tem o próprio governador Robinson, que embora desgastado, ainda tem
a esperança de reverter a situação para tentar renovar o mandato.
Há uma
considerável possibilidade de Cláudio Santos ocupar o palanque que foi do
ex-deputado Henrique Alves (PMDB) em 2014, quando ele reuniu todas as forças
tradicionais em uma mesmo coligação, com mais de uma dezena de partidos
encabeçados pelo PMDB, DEM, PSDB e PR. Henrique não se elegeu governador, mas a
coligação entrou para histórica, dada a sua densidade e variedade de partidos e
políticos. Cláudio seria a opção desses grupos, se o prefeito de Natal Carlos
Eduardo Alves (PDT) não aceitar a candidatura a governador.
Cláudio
transita bem no ambiente Alves e Maia, inclusive, ele tem participado de
eventos em Natal e no interior geralmente na companhia de políticos com esse
sobrenome. No casamento do ex-deputado João Maia, presidente estadual do PR,
com a prefeita Shirley Targino, em Messias Targino, o desembargador não saiu de
perto dos senadores José Agripino Maia (primo do noivo) e Garibaldi Alves
Filho. Em outros eventos tem aparecido próximo do deputado federal Rogério
Marinho (PSDB), de João Maia e de outras lideranças com o perfil da política
tradicional.
“NOVO”
Além disso,
a própria formação política de Cláudio Santos tem origem em solo das
oligarquias do estado. Ele sempre foi ligado a ex-governadora Wilma de Faria
(falecida em junho deste ano), de quem nunca negou ser um liderado. Inclusive,
Santos foi auxiliar do governo Wilma, respondendo pela pasta da Segurança
Pública; e chegou ao cargo de desembargador no período de Wilma no poder.
Essa
ligação histórica, que aproxima a sua imagem a dos grupos tradicionais, porém,
é recompensado pelo discurso que ele ensaia para levar à população. O discurso
do “novo” reúne ideias e anseios da população, que reclama da falta de ações do
governo e de perspectivas de dias melhores para o estado.
O discurso
de Cláudio Santos foi pensando quando ele estava concluindo o mandato de
presidente do Tribunal de Justiça, no final de 2016. Ocupando espaços na mídia
tradicional e eletrônica, ele vendeu a imagem de gestor competente, ao destacar
- à exaustão - que estava transferindo o comando do Judiciário potiguar com
mais de R$ 500 milhões em caixa, fruto de sua política de contenção de
despesas, austeridade e de zelo com dinheiro público.
Cláudio
Santos vendeu a ideia, nas entrelinhas, que o estado precisa de um governador
com o seu perfil para enfrentar a crise financeira e levar a termo uma gestão
capaz de atender as demandas reclamadas pela população.
É fato que
o nome do desembargador surge no tabuleiro da sucessão estadual no momento em
que a classe política está desgastada e o governo Robinson desanda a largas
passadas. O descrédito desperta na população (leia-se eleitor) o interesse pelo
“novo”. É exatamente aí que Cláudio Santos acredita ser possível viabilizar a
sua candidatura ao Governo do Estado nas eleições 2018.
PREJUIZO
CALCULADO
Com a
decisão da aposentadoria compulsória confirmada, Cláudio Santos estaria abrindo
mão de pelo menos 12 anos no exercício de suas funções no Tribunal de Justiça.
A legislação vigente no país impede que magistrados sejam filiados a partidos
políticos, bem como perderá cerca de 30% dos seus rendimentos como
desembargador se desejar realmente ser candidato.
*Esse conteúdo foi publicado originalmente em DeFato