Os
amantes falam-se aos ouvidos.
Palavras
baralham sons, recriam-se
E
revolteiam os ares como sussurros
Na
impaciência da quase posse
As
palavras fazem amor.
Pedaços
de nomes, versos inteiros
Feitos
trilha sonora (ou utensílio amoroso)
Excitam
mais que a carne?
Uma a
uma instilam veneno na presa
Ou
seria sentimento, tesão, mentira pura?
Impossível,
no derretimento das horas,
Adivinhar
de onde o peso bruto do desejo
Os
amantes encantam-se com palavras
Ditas
rápido ou compassadamente
E amolecem,
riem-se cúmplices
Do
que é capaz a íntima sonoridade
Mais
que outros, são escravos verbais
Resistem
não ao seu tropel arrebatador
E
deitam-se, abandonam-se submissos
À
doce caravana que lhes cravam nomes
Em
pouco, fora de si, soletram desinibidos
O que
guardado a sete cadeados: labirintos
silenciados,
obsessões impronunciadas,
Que
imaginavam jamais revelar
O
prazer do verbo a devassar o que restou
Do
pudor e suas portas (onde não chega
Réstia
de sol nem a prata dormida da lua)
Surpreende-os
tendidos na manhã nascente.
*Ilustração: Blade Runner 2049
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