segunda-feira, 21 de julho de 2014

CORDEL: Uma poesia em evidência

Segundo alguns historiadores, a literatura de cordel existe desde a época dos conquistadores greco-romanos, saxões e fenícios, chegando a Portugal e Espanha por volta do século XVI, sob a alcunha de "pliegos sueltos" (folhas soltas) ou "volantes".

No Brasil, teria chegado junto com os portugueses e se disseminado a partir de Salvador, primeira capital do Brasil, sendo evidenciado a partir de 1750, mais com o uso da oralidade que mesmo da escrita.

Batizado de cordel, devido a forma como era exposto em cordões nas feiras-livres, esta expressão da poesia nunca esteve tão em evidência como de uma década para cá.

Antonio Francisco Teixeira de Melo (foto) é hoje a maior expressão do gênero no Rio Grande do Norte, tendo vendido ao longo dos últimos dez anos uma quantidade tão considerável de livros que nem mesmo sabe precisar: "Não faço nem ideia de quantos livros já vendi, mas só pra você ter uma ideia, a editora tem hoje cinco poetas adotados pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e eu sou um deles, pela quantidade de vendas que tenho", sentencia o poeta que descobriu cedo a poesia incrustada nos cordéis, porém, só em 2001 veio a publicar o seu primeiro livro.

Antonio atribui o sucesso atual do cordel aos novos escritores, à qualidade do que se tem produzido atualmente e as temáticas cada vez mais atrativas, além do fato de que existem bons poetas, segundo ele, escrevendo em todas as regiões do país.

Sobre o fato de concorrer com novas tecnologias, o cordelista é taxativo: "Quando o rádio surgiu, disseram que o cordel iria acabar, quando a TV surgiu, disseram que o cordel iria acabar, hoje o cordel está no rádio e na TV, e cada dia mais vivo".

Uma editora a serviço do cordel
Há 29 anos, Gustavo Luz criou o selo editorial Queima-Bucha. Inicialmente voltado para a publicação de revistas, livros e quadrinhos, na última década, o editor encontrou na literatura de cordel um nicho de mercado e passou a apostar no gênero desde então.

Apesar de estar em alta, Gustavo ressalta que mesmo com todo o sucesso houve um pequeno declínio na produção nos últimos meses, o que ele atribui a um excesso de autores.
"O cordel está na moda, tem muita gente escrevendo cordel, mas muito poucos escrevendo poesia", diz.

Aos que desejam publicar um cordel, ele explica que não é preciso muitos recursos: "Uma tiragem mínima de 300 exemplares de uma obra com oito páginas fica em torno de 200 reais".
Sobre o futuro do cordel, Gustavo prevê: "Há um mercado, os bons vão ficar."

Fonte: O Mossoroense

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