sábado, 12 de abril de 2014

BRASIL: "CADÊ OS DIREITOS HUMANOS?"

A frase acima é gasta?; caos em reintegração de posse, no Rio de Janeiro, de prédio da telefônica Oi invadido por uma favela, acentua paradoxo entre a Polícia Militar e o povo; corporação se defende, mas é inegável que, no cumprimento de ordem judicial, faltou planejamento, organização e, sobretudo, diálogo com cidadãos.

Barriguda News
Brasil 247-RJ

 Aconteceu mais uma vez – e com intensa dramaticidade. Com mais de 25 feridos, carros das emissoras Globo, SBT e Record depredados, ônibus incendiados e dezenas de desabrigados, uma operação de reintegração de posse no Rio de Janeiro terminou com cenas de guerra urbana. Para retirar uma favela montada dentro do prédio do almoxarifado da telefônica Oi, no bairro do Engenho Novo, a Polícia Militar simplesmente perdeu o controle da situação.

Depois de conduzir os primeiros moradores para fora de seus barracos, nas primeiras horas da manhã, os homens da corporação destacados para a operação passaram a responder com extrema violência a provocações e protestos. Gás de pimenta, bombas, tiros e cassetadas foram distribuídas fartamente sobre o público, sem que um plano organizado de retirada deles para outro local estivesse em curso.

A mistura entre moradores surpreendidos e os agentes provocadores levou muitos despejados a atearem fogo em uma viatura da PM, um ônibus e depredarem carros de reportagem e instalações técnicas das emissoras Globo, SBT e Record. Um repórter do jornal O Globo foi preso.

- Demos orientações, não tivemos turbulências. Não temos essas informações, negou, à Globo News, o porta-voz da PM, tenente-coronel Cláudio Costa.

Mas as imagens que, de resto, correram todo o mundo imediatamente, não mentem. A PM, simplesmente, perdeu o controle a execução da ordem de reintegração e partiu para revidar protestos legítimos com extrema violência. "Cadê os direitos humanos?", perguntou um dos retirados, que alegava existirem crianças mortas. Esse rumor não foi confirmado por nenhuma fonte oficial, entre a PM e hospitais da região, para onde os feridos foram levados.

O episódio do Rio de Janeiro não pode ser visto como isolado. Ele acentua o feitio de vários barris de pólvora em que se transformaram as grandes cidades brasileiros, especialmente o Rio e São Paulo, as duas maiores. A continuar dispensando esse tratamento à população, que evita o diálogo organizado com as comunidades para agir contra elas como se estivessem em uma guerra, os chefes e soldados da PM contribuem decisivamente para a explosão de novos e perigosíssimos conflitos sociais. A fórmula do caos está dada e todos já a conhecem.

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