Fotos: Anastácia Vaz
Há
cerca de quatro anos o núcleo é responsável pelo controle de qualidade
de todas as pastas de cimento que são enviadas para poços de petróleo
das regiões Norte e Nordeste
Por Júnior Marinho
Desde 2013, o antigo Laboratório
de Cimentos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
passou a chamar-se Núcleo Tecnológico de Cimentação de Poços de Petróleo
(NTCPP). A mudança, no entanto, não restringiu-se ao nome, mas ampliou
também a missão acadêmica da unidade: atender a uma demanda científica,
tecnológica e de recursos humanos do setor produtivo de óleo e gás do
Brasil.
Fruto de uma coalizão entre os centros de Tecnologia (CT) e de
Ciências Exatas e da Terra (CCET) da UFRN, juntamente com o Centro de
Pesquisas da Petrobras (CENPES), o NTCPP é reconhecido nacionalmente por
seu trabalho.
Localizada no Instituto de
Química, a área de 675m² levou quatro anos para ser construída e foi
elaborada com a atuação de técnicos da Petrobras que, assim como a
Universidade, tinham interesse em implementar um estabelecimento de
excelência em pesquisa na área de cimentação de poços de petróleo. O
espaço possui o único laboratório desse porte no Brasil.
A equipe de pesquisa é
coordenada por quatro professores dos departamentos de Química, de
Engenharia Química e de Engenharia de Materiais. A pluralidade de áreas
torna o setor interdisciplinar, característica que o faz capaz de
atender a diversas competências associadas à cimentação de poços, dando
suporte aos cursos de Física, Química, Química do Petróleo e engenharias
de Materiais, Química, Mecânica, Civil e do Petróleo.
Júlio Cezar de Freitas, pesquisador do Núcleo: “Os aditivos químicos se comportam de formas diferentes. Por isso a multidisciplinaridade de áreas, que promove um estudo constante para desenvolver a pasta adequada para cada projeto” |
Há cerca de quatro anos o NTCPP é
responsável pelo controle de qualidade de todas as pastas de cimento
que são enviadas para poços de petróleo das regiões Norte e Nordeste.
Além disso, a unidade também realiza controle de cimentos produzidos por
fábricas para esse fim. O objetivo é melhorar a qualidade da cimentação
dos poços de toda essa região.
Cimentação
O processo de cimentação
realizado em um poço de petróleo tem o intuito de preencher o espaço
anular entre o revestimento, a fim de dar aderência entre a parede
externa do revestimento e a formação rochosa. A fixação da tubulação
evita que haja migração de fluidos entre as diversas zonas atravessadas
pelo poço, sendo fundamental para a segurança, além de isolar o poço
para um futuro abandono.
O tipo de material utilizado
para a cimentação deve ser criteriosamente escolhido e estudado, para
que possa atender às necessidades de cada poço. O uso indevido de
determinados tipos de cimento, quando submetidos à pressão e altas
temperaturas, podem ocasionar o surgimento de trincas colocando em risco
toda a operação.
“Cada poço uma pasta de cimento
diferente, cada pasta uma formulação e aditivos”, diz Júlio Cezar de
Freitas, pesquisador do Núcleo. “Nossa equipe tem que ter um
conhecimento específico de cada aditivo para entender como ele se
comporta. São diferentes formações geológicas, profundidades e
temperaturas diferentes” explica. “Os aditivos químicos se comportam de
formas diferentes. Por isso a multidisciplinaridade de áreas, que
promove um estudo constante para desenvolver a pasta adequada para cada
projeto” completa Júlio Cezar.
O relacionamento com a Petrobras
garante ao NTCPP vínculo estreito com o setor produtivo. A proximidade
contribui para a transferência de tecnologia entre a academia e a
indústria, o que permite que estudos sejam aproveitados por empresas da
área, interessadas em desenvolver produtos para o mercado.
“Trabalhamos com termos de
cooperação e patentes. Se uma empesa quer desenvolver um material novo,
cuja a ideia saiu da Petrobras, por exemplo, nós desenvolvemos a ideia
aqui no laboratório e a empresa produz” relata Antônio Martinelli. Essas
parcerias qualificam tanto alunos quanto empresas para atuarem na área.
Recentemente o NTCPP capacitou
dezenove engenheiros da Petrobras para atuar na área de cimentação de
poços. Segundo os pesquisadores da unidade, a estatal tem interesse em
implementar para seus profissionais, na Universidade Petrobras, um
módulo do curso de formação desenvolvido pela UFRN. Além disso, a equipe
do Núcleo deve ser convidada para dar suporte na construção de um
laboratório de porte semelhante no Instituto Federal de Macaé, no Estado
do Rio de Janeiro.
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