As reais intenções do governo
Robinson com o suposto projeto de ajuste fiscal do Estado como antídoto para o
caos financeiro do Rio Grande do Norte vão ganhando outras cores. A mensagem
159/2017 enviada em novembro pela atual gestão à Assembleia Legislativa, e
incluída para ser votada em regime de urgência no pacote de medidas anti-crise,
é classificada como “escândalo” por deputados de oposição e da própria base
governista. A mão do Governo que apedreja o servidor, afaga os grandes
empresários.
O projeto de lei autoriza o
poder Executivo a conceder descontos para a liquidação ou renegociação de
dívidas decorrentes dos empréstimos e financiamentos, originadas nas empresas
do extinto Sistema Financeiro Estadual. Na prática, o PL prevê a anistia de até
95% da dívida de empresas que obtiveram empréstimos e financiamentos de
recursos públicos nos antigos Banco de Desenvolvimento do Estado (BDRN) e Banco
do Estado do RN (Bandern), ambos extintos há mais de 30 anos.
O detalhe, e tão grave quanto,
é que o débito milionário não está inscrito na Dívida Ativa do Estado onde
obrigatoriamente, por lei, deveria estar.
Em meio a maior crise econômica
da história do Rio Grande do Norte, o Governo está abrindo mão de uma receita,
no mínimo, milionária. Isso porque o Estado não informa o valor da dívida nem
os nomes das empresas devedoras. Na avaliação do deputado Fernando Mineiro
(PT), que solicitou informações sobre o débito e os devedores junto à Empresa
Gestora de Ativos do RN (Engern), a inclusão do projeto 159/2017 no pacote de
ajuste fiscal desmonta o discurso do Governo de que as medidas enviadas para a
Assembleia vão reduzir os efeitos da crise.
–
Essa proposta desmonta e expõe o erro de se jogar o peso da crise no pequeno
servidor. Esse é o maior escândalo da história do Rio Grande do Norte. Essa
mensagem chegou aqui em novembro, não tramitou e agora entrou no pacote do
Governo. Simplesmente anistia na prática a dívida de todos os devedores do
antigo sistema financeiro do Rio Grande do Norte, o BANDERN e BDRN, sem estar
escrita na dívida ativa. Protocolei um requerimento numa reunião com o
presidente do TCE pedindo que o Tribunal de Contas atue preventivamente para
que não se cometa esse crime contra as finanças do Rio Grande do Norte. Essa
matéria não pode tramitar. Quando você diz para a sociedade que precisa do
sacrifício da população e do sacrifício do servidor ao mesmo tempo em que
perdoa uma dívida que você sequer sabe o valor, isso é um escândalo.
A mensagem 159/2017 começou a
ser analisada pela Comissão de Constituição e Justiça nesta terça-feira (16),
mas saiu de pauta após o próprio relator Albert Dickson solicitar diligência e
o deputado Kelps Lima (Podemos) pedir vistas, o que pode levar até dois dias.
Albert Dickson havia
apresentado voto favorável à mensagem antes do deputado Fernando Mineira
alertar sobre a gravidade, para as finanças do Estado, caso o projeto seja
aprovado.
–
Essas dívidas estão aí a serem quitadas e o Governo, diante da necessidade
financeira, faz uma sequência de envolvimentos com relação à dívida, de acordo
com cada caso. Pela palavra do deputado Mineiro é um projeto de extrema
importância de ambos os lados. Na verdade há um impacto financeiro na redução,
relaxamento de multas, juros e mora, e realmente a maioria dessas pessoas não
está na divida ativa. Vamos fazer uma diligência e dar um prazo sugestivo para
que, pelo menos a secretaria de Tributação e a da Administração, possam nos dar
um impacto financeiro disso e dizer se está inscrita na dívida ativa ou não.
Em litígio com o Governo por
não concordar com o ajuste fiscal enviado a Assembleia Legislativa, o deputado
Carlos Augusto, que foi substituído à revelia da Comissão de Constituição e
Justiça, também se refere ao projeto 159/2017 como um escândalo.
–
Votei ao lado do servidor porque minha consciência mandou que eu votasse a
favor dos servidores. A justificativa que o governo está usando é incompatível
até com a mensagem 159/2017, que é o maior escândalo do Rio Grande do Norte. A
gente não sabe nem quanto é essa dívida que o Governo quer perdoar, se são R$
100 milhões ou R$ 1 bilhão de dívidas do antigo Bandern. Então, meu
posicionamento, é uma questão de coerência.
“Projeto vai na contramão do pacote”, avalia presidente do
TCE
O Tribunal de Contas do Estado
vai abrir um procedimento para apurar a denúncia protocolada pelo deputado
Fernando Mineiro (PT) e entregue pessoalmente ao presidente do TCE Gilberto
Jales sobre os riscos para o tesouro estadual diante da possível aprovação do
projeto de lei 159/2017, que anistia em até 95% a dívida de empresários junto
aos extintos BANDERN e BDRN.
O parlamentar também requer que
sejam adotadas as medidas legais cabíveis, com expresso intuito de se obter
ciência acerca de quem são as empresas devedoras que serão beneficiadas e os
respectivos valores devidos, tanto em seu montante bruto quanto atualizado, bem
como acerca da existência ou não de inscrição na dívida ativa, processos
judiciais de cobrança ou execução dos referidos débitos.
Jales afirmou que dará
seguimento ao processo e informou que, seguindo trâmites normais da Casa, uma
auditoria será instaurada:
–
O processo será distribuído para o relator e encaminhado para o corpo
instrutivo fazer uma análise prévia e propor uma auditoria imediata.
Fernando Mineiro fez uma
explanação sobre o projeto e destacou a não inclusão dos débitos referente ao
sistema financeiro estadual na Dívida Ativa do Estado.
–
Esse débito deveria estar na dívida ativa, é praticamente uma anistia e ninguém
tem conhecimento de quem são os beneficiados. Estou aqui no TCE tentando atuar
preventivamente, para tentar impedir que a Assembleia aprove essa matéria.
Diante das explicações,
Gilberto Jales avalia que o PL 159 do Governo não está alinhado às medidas
anunciadas para combater a crise econômica do Estado.
–
(O projeto) Vem na contramão do pacote. Teoricamente, vem na contramão.
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