O Globo
BRASÍLIA - Em entrevista ao "Jornal Nacional", realizada na
biblioteca do Palácio da Alvorada, a presidente e candidata à reeleição,
Dilma Rousseff, admitiu que a situação na área da Saúde "não é
minimamente razoável", mas defendeu as ações do governo, como o programa
Mais Médicos. Apesar da insistência, Dilma se recusou a responder sobre
a atitude do PT diante do escândalo do mensalão, que tratou os
condenados como heróis. Por repetidas vezes, Dilma disse que não comenta
decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) por ser presidente da
República e respeitar a independência entre os Poderes.
Em certos
momentos, a presidente se mostrava tensa e incomodada em ser
interrompida com novas perguntas. Ao final, Dilma disse que a economia
vai melhorar no segundo semestre, rebateu o pessimismo e pediu votos aos
eleitores.
A presidente, visivelmente contrariada, disse várias
vezes que nunca comentou a condenação dos petistas pelo STF, como o
ex-ministro José Dirceu. Ela não quis responder nem mesmo à pergunta
sobre o PT tratar os condenados como "vítimas".
— Vou te falar uma coisa: sou presidente da República. Não faço
nenhum observação sobre julgamentos realizados pelo STF. Por um motivo
muito simples: a Constituição Federal exige que o presidente da
República e os demais chefes de Poder respeitem e considerem a autonomia
dos outros órgãos. Não julgo ações do Supremo. Tenho minhas opiniões
pessoais. Durante o processo inteiro, não manifestei nenhuma opinião
sobre o julgamento. Não vou tomar nenhum posição que me coloque em
confronto, conflito com a Suprema Corte. Isso não é uma questão objetiva
— disse Dilma.
Ao ser perguntada sobre escândalos em ministérios e
as irregularidades na Petrobras, a presidente repetiu que seu governo
foi aquele que mais combateu a corrupção. Dilma disse que foi o governo
do PT que criou a CGU. Na verdade, a CGU foi criada em 2001 pelo governo
Fernando Henrique, com o nome de Corregedoria Geral da União. O
presidente Lula sempre disse que om PT criou a CGU.
— Fomos aquele governo que mais estruturou os mecanismos de combate à
corrupção, aos malfeitos. Além disso, tivemos uma relação muito
respeitosa com o Ministério Público. Porque também escolhemos com
absoluta isenção os procuradores. Fomos nós que criamos a Controladoria
Geral da União. Criamos um Portal da Transparência — disse ela.
Ao
falar de ministros afastados, Dilma lembrou que nem todos os acusados
foram condenados na Justiça, e ressaltou que muitos pediram demissão por
pressão da família. Ela disse que só aceita as exigências dos partidos
quando acredita nas pessoas, citando os casos de César Borges e Paulo
Sérgio Passos, ex e atual ministro dos Transportes, indicados pelo PR:
—
Nem todas as pessoas foram punidas pelo Judiciário e tiveram culpa
comprovada, Muitos se afastaram por pressão da família. Os partidos
podem fazer exigências, mas só aceito quando são pessoas íntegras,
competentes, têm tradição na área e têm minha confiança.
Na questão da Saúde, Dilma reconheceu que há ainda muitos problemas a enfrentar.
—
Não acho (que a situação da saúde é minimamente razoável). Porque o
Brasil precisa de uma reforma federativa (...) Mas resolvemos o problema
dos 50 milhões de brasileiros (que passaram a ter atendimento) e dos 14
mil médicos. Temos de melhorar a Saúde, não tenho dúvida — disse Dilma,
acrescentando:
— Ainda temos muitos problemas e desafios a
enfrentar na Saúde. Enfrentamos um dos mais graves que há na Saúde.
Porque na Saúde se precisa ter médicos. A população sempre reclamou da
falta de médicos. Tivemos uma atitude muito corajosa (...) Chamamos
médicos cubanos, e conseguimos chegar a 14462 médicos. E 50 milhões de
brasileiros não tinham tratamento médico.
Dilma também foi enfática ao defender a política econômica.
—
Primeiro, enfrentamos a crise, pela primeira vez no Brasil, não
desempregando, não arrochando os salários, não aumentando tributos. Pelo
contrário, desoneramos, reduzimos a incidência de tributos sobre a
cesta básica. Enfrentamos a crise também sem demitir. E qual era o
padrão anterior? — disse Dilma, mostrando irritação com números
negativos apontados pelos entrevistadores:
— Não sei dá onde são
os seus dados. Mas temos uma melhoria prevista no segundo semestre. Tem
uma coisa em economia que são os índices antecedentes e os índices que
evidenciam como está a situação atual. Todos esses índices indicam uma
recuperação no segundo semestre vis-à-vis o primeiro semestre. Se não
olhar para o retrovisor e o que está acontecendo hoje, ela está e zero
por cento. Estamos superando a dificuldade de superar uma crise sem
demitir, sem reduzir a renda
Ao final, Dilma pediu que todos acreditem no Brasil e não sejam pessimistas, acusação que sempre faz à oposição.
—
Fui eleita para dar continuidade ao governo Lula. Ao mesmo tempo,
preparamos o Brasil para um novo ciclo de crescimento: moderno, mais
produtivo, mais competitivo. Criamos as condições para o Brasil dar um
salto. Queremos continuar a ser um país de classe média, cada vez maior a
participação da classe média, mais oportunidade para todos. Eu acredito
no Brasil. Mais do que nunca, todos nós precisamos acreditar no Brasil e
diminuir o pessimismo. E peço votos dos telespectadores — encerrou a
presidente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é importante! Este espaço tem como objetivo dar a você leitor, oportunidade para que você possa expressar sua opinião de forma correta e clara sobre o fato abordado nesta página.
Salientamos, que as opiniões expostas neste espaço, não necessariamente condizem com a opinião deste Editor.
COMENTÁRIOS QUE TENHAM A INTENÇÃO DE DENEGRIR QUEM QUER QUE SEJA, SERÃO EXCLUÍDOS