Gazeta do Oeste
Diego Carvalho
As muitas reclamações indicam a precariedade do abastecimento através
de carros-pipa em Rodolfo Fernandes, na região Oeste do Estado. Essa
avaliação é da Prefeitura do município, que ainda espera o acionamento
da adutora de engate rápido para sanar a escassez de água que acomete a
cidade. A adutora é uma obra emergencial realizada em virtude do baixo
nível de água na barragem de Pau dos Ferros.
O Açude Riachão, com capacidade de 45,5 milhões de m³ de água e
principal fonte de captação em Rodolfo Fernandes, está exaurido. Nilton
Carvalho, operador de distribuição do escritório da Companhia de Águas e
Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) no município, relata que no
domingo, 10, houve interrupção do abastecimento devido à falta de
energia e, no dia seguinte, não foi mais ativado. Por causa do colapso, a
empresa não está emitindo cobranças aos moradores. A cena é desoladora.
O reservatório está seco, reafirmando os prejuízos ocasionados pela
estiagem no Estado.
“O peixe todo morreu e o restante de água que há não permite a
extração do recurso, até porque o flutuante onde estava instalado o
conjunto motor-bomba atolou. A potabilidade da água está comprometida. A
Caern investiu muito no tratamento da água, mas, mesmo assim, o açude
secou”, disse Nilton Carvalho.
O operador acrescenta que as outras fontes de abastecimento também
estão indisponíveis: o açude sossego, os cacimbões de uma fazenda
particular e os poços artesianos de Apodi. “Severiano Melo continua com
água dos poços de Apodi. Rodolfo Fernandes está sem porque a vazão
diminuiu”, frisou.
Para o operador, a adutora do Alto-Oeste, cuja obra é administrada
pela Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH),
resolveria as dificuldades de abastecimento. “A esperança é a adutora do
Alto-Oeste. A tubulação já está instalada para Rodolfo Fernandes,
esperando apenas o acionamento. Essa adutora acaba em definitivo as
dificuldades enfrentadas pelo município há 32 anos”, completou.
De acordo com Francisco Silveira, chefe de gabinete da Prefeitura de
Rodolfo Fernandes, o Executivo municipal disponibilizou quatro
carros-pipa para a zona urbana da cidade, uma vez que a rural já era
assistida pelo serviço desde 2012. Os carros abastecem as residências,
das 4h às 22h, em sistema de rodízio. “Diante das reclamações,
percebemos que esse processo está precário. Não estamos conseguindo
abastecer a contento. Para amenizar o sofrimento, já acionamos a Defesa
Civil Nacional. Os carros-pipa particulares são muitos, acarretando
custos para a população. Os pobres sofrem com tudo isso”, disse. O Açude
Prefeito Clidenor Régis, que abastece Itaú e Taboleiro Grande, fornece
água para encher os carros-pipa da Prefeitura.
Ainda segundo o chefe de gabinete, o prefeito de Rodolfo Fernandes,
Monteiro Neto, esteve na Secretaria de Recursos Hídricos, que solicitou
aguardar até o final deste mês, para que a adutora de engate rápido seja
acionada, a fim de beneficiar a cidade. “Vamos prosseguir com o
abastecimento através de carros-pipa até o funcionamento da adutora.
Esperamos também a Defesa Civil se manifestar para reforçar a
assistência à população”, ressaltou.
Rodolfo Fernandes tem 4.500 habitantes. Os moradores recebem a água
em pequenos reservatórios e se veem obrigados a comprar mais dos carros
particulares. Antônia Augusta, funcionária pública, 57, reside no
município há 25 anos e falou sobre a árdua realidade. “A situação é
precária. Nunca tinha acontecido um problema como esse. Ainda bem que
temos uma cisterna para nos auxiliar. A água dos carros-pipa deixo para
limpeza e para tomar banho, e a da cisterna uso para cozinhar. Se não
tomarem providências, essa situação vai se agravar mais”, disse, ao
salientar que pagou R$ 80,00 para 5mil litros de água de um carro-pipa
particular.
Apesar do colapso no abastecimento, Zuíla Freitas, 65, dona de casa,
busca prosseguir a vida com a água que recebe dos carros-pipa. “Encho
meus reservatórios e vou tentando dar continuidade à vida. A água dos
carros-pipa dá para cozinhar e tomar banho. Para beber, comprei água de
Apodi. Duzentos litros custam R$ 10,00. Sei que a situação é complicada,
mas não vou me preocupar para eu não me prejudicar”, declarou.
Ecivan da Silva, pescador, está construindo uma casa e consegue água
para os trabalhadores em Severiano Melo. “Executar as atividades sem
água é difícil. Realizo duas viagens, por dia, a fim de pegar água, em
um sítio, em Severiano Melo. É melhor do que comprar”, disse.
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