O relator da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, Arthur
Maia (PPS-BA), disse hoje (21) que, apesar de o governo ainda não ter
manifestado “disposição para negociação” de pontos da proposta, há no
Congresso Nacional “quase um consenso” de que serão necessárias mudanças
nas regras de transição para a aposentadoria. Ele tem mantido conversas
com senadores, de forma a apresentar um relatório que evite alterações
após ser enviado ao Senado.
“O governo ainda não manifestou
disposição de negociar nenhum ponto. Está apenas colhendo o sentimento
que existe na base. As emendas foram apresentadas. Agora estamos vendo
quais [alterações] nossos parlamentares julgam essenciais”, disse Maia,
após participar da reunião de líderes da base aliada do governo.
Segundo
o relator, a maioria das propostas de emenda trata de mudanças nas
regras de transição. A negociação, segundo o deputado, “não parte da
cabeça do relator”, mas da vontade da base do governo e da precificação
de cada uma dessas emendas, o que será feito com a ajuda do Ministério
do Planejamento, ou seja, qual o impacto para os cofres públicos de cada
alteração.
Regras de transição
“A questão das regras de transição tem quase um consenso de que tem
de haver alguma alteração. Há muitas alternativas de mudança. Existem
aqueles [parlamentares] que acham que as regras de transição devem ser
modificadas e escalonadas de acordo com a idade; e os que pensam que
devem ser escalonadas de acordo com o tempo de contribuição, o que
impacta no percentual de salário que cada um vai receber”, disse o
relator.
A proposta enviada pelo governo prevê uma regra de
transição para quem está perto da aposentadoria. Homens com 50 anos de
idade ou mais e mulheres com 45 anos de idade ou mais poderão
aposentar-se com regras diferenciadas. A regra de transição só vale para
o tempo de aposentadoria. Para o cálculo do benefício valerá a nova
regra proposta.
Trabalhadores nessa situação deverão cumprir um
período adicional de contribuição, uma espécie de "pedágio", equivalente
a 50% do tempo que faltaria para atingir o tempo de contribuição
exigido. Por exemplo, se para um trabalhador faltava um ano para a
aposentadoria, passará a faltar um ano e meio (12 meses + 50% = 18
meses). O pedágio também vale para professores e segurados
especiais (trabalhadores rurais) que tiverem 50 anos de idade ou mais,
se homens, e 45 anos de idade ou mais, se mulheres.
Maia
informou que conversará com os autores das emendas para tentar produzir
um “pensamento único” em torno de cada um dos principais temas
relacionados à reforma previdenciária e ver o que é possível ser
incluído no relatório.
Ele, no entanto, alerta que “cada emenda
tem seu preço”. “Estamos fazendo uma reforma da Previdência Social
justamente para diminuir o impacto do gasto previdenciário no Brasil.
Portanto, cada emenda que flexibilize a reforma terá como consequência
gastos, diminuindo os efeitos da reforma.”
O relator disse que
90% das mais de 100 emendas apresentadas podem ser divididos em seis
grupos: regras de transição; a não acumulação de pensão e aposentadoria;
aposentadorias especiais; desvinculação do Benefício de Prestação
Continuada (BPC, destinado a idosos e deficientes sem condições de
contribuir) do salário mínimo; idade mínima; e aposentadorias rurais.
Maia
disse que a base governista é, em sua maioria, favorável à instalação
da comissão parlamentar de inquérito (CPI) no Senado, com o objetivo de
investigar se há, ou não, déficit na Previdência Social. “Temos total
interesse em esclarecer o déficit. Esse debate dentro do Senado será
fundamental para o aprofundamento do conhecimento da população sobre
isso”, disse o deputado.
*Agência Brasil
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