Via Jornal de Hoje
Multiculturalidade é o que define a Teia da Diversidade, evento
nacional que teve início nesta segunda-feira (19) em Natal, e segue até o
próximo sábado (24), em diversos locais da cidade, como UFRN e IFRN
Cidade Alta, reunindo representantes de Pontos de Cultura de todo o
país. Segundo um dos articuladores locais, Teotônio Roque, estima-se que
cerca de três mil pessoas de Pontos de Cultura de todo o Brasil e até
de alguns países ibero-americanos estejam presentes. A principal
discussão deste ano será a transformação do programa Cultura Viva em lei
federal.
Uma das participantes nacionais é a índia Parã Kaxinawa, de 32 anos
de idade. Ela veio do Acre como uma das delegadas do Ponto de Cultura
Vivart, localizado na capital Rio Branco, mas mora no interior do Estado
na aldeia Boa Vista.
A ligação da indígena com o Ponto de Cultura só foi possível em razão
da importância que os organizadores dão para suas raízes. “Quando a
gente pode, sempre realiza evento com os índios, porque nós sabemos que
eles são nossos pais. Ele tem que ser índio, preservar sua tradição e
também colocar sua opinião para não serem massacrados como há muito
tempo eles são”, disse Dani Mirini, coordenadora do Ponto de Cultura
Vivart.
Segundo Mirini, o Ponto de Cultura tem como principal expressão
artística o teatro. As peças são sempre adaptadas para o teatro de rua e
uma modalidade adaptada ainda pouco conhecida: o teatro de floresta. A
versão do fazer teatral teria as mesmas características do teatro de rua
(sem a utilização de palco, luz e outros instrumentos), mas ambientado
para as aldeias indígenas.
Muitas histórias encenadas têm como inspiração os “encantes”, que são
os mitos regionais. “A gente pensa como artista construtor dessa
história e preservador. A gente não podia deixar os índios de lado. Eles
ensinam cultura, música, a andar na floresta a usar as plantas”,
declarou Mirini.
Atualmente a aldeia Boa Vista, no território indígena
de Humaitá, tem apenas 56 índios. Na sua terra, Parã se desdobrar para
preservar sua cultura sem deixar de se conectar com o mundo a sua volta.
Ela é mãe, professora, agente de saúde e coordenadora de mulheres. Tudo
isso porque ela entende que a participação política é a única forma
para que a voz do seu povo seja ouvida. “É importante preservar nossa
tradição, tem mais é que preservar. As pessoas antes viam o índio como
um bicho. Agora tem índio professor, engenheiro agrônomo e até vereador.
Estamos lutando também para ter um índio governador”, falou a indígena.
Na Teia da Diversidade, os povos indígenas vão se reunir em um fórum
nacional, assim como os povos de matrizes africanas. Também haverá o
fórum nacional para discussões de gênero, dos Pontos de Cultura e dos
gestores dessa área. De acordo com Teotônio Roque, um dos articuladores
locais do evento, os fazedores de cultura querem transformar o programa
Cultura Viva em política de Estado. “O mais importante é que queremos
culminá-lo na lei Cultura Viva que está tramitando no Senado e já foi
aprovada pela Câmara”, informou.
Conforme Roque, o programa atualmente é o responsável pelo
financiamento dos Pontos de Cultura e fundou uma nova forma de fomentar
cultura: sem a ingerência direta do Estado no conteúdo produzido. A
aprovação da lei vai garantir que, mesmo em outros governos, os Pontos
de Cultura continuem. A Teia 2014 vai até o dia 24. No dia 21,
quarta-feira, contará com a presença da Ministra da Cultura Marta
Suplicy.
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