As infindáveis denúncias sobre o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que caem a conta-gotas pela imprensa, pingou mais um fato e revelou novos detalhes da promíscua relação entre o ex-líder do DEM no Senado e o contravantor Carlinhos Cachoeira.
A edição de Época deste fim de semana conta mais um pouco sobre como Demóstenes colocou seu mandato a serviço de um bandido. Dessa vez, o senador se valeu da relação com o bicheiro preso na penitenciária federal de Mossoró para que um amigo conseguisse contratos relativos à Copa do Mundo no Mato Grosso.
"Demóstenes pediu ajuda a Cachoeira para vencer uma licitação em Mato Grosso. Estava em disputa a prestação de serviços de marketing relacionados à Copa do Mundo de 2014. Demóstenes diz a Cachoeira que um 'amigo nosso', dono de agência de publicidade, está interessado. 'Cê acha que consegue?', pergunta Demóstenes. 'Acho um negócio bacana. Se for do interesse seu... (de Demóstenes)', responde Cachoeira. 'Eu acho que consigo', diz trecho de Época.
Em outro trecho, a revista conta como funcionava a dupla personalidade de Demóstenes. "Demóstenes defendeu, por exemplo, os interesses da Vitapan Indústria Farmacêutica, laboratório de Carlinhos Cachoeira. Era uma vida dupla. Em público, Demóstenes cobrava rigor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nas licenças concedidas na área de medicamentos. Pelo caminho legal, um laboratório desenvolve um medicamento, submete o trabalho à Anvisa e pede autorização para fabricá-lo", diz a revista, que prossegue:
"Época teve acesso a documentos internos e atas de reunião da Anvisa, a registros e planilhas da Vitapan e à troca de correspondência entre o gabinete de Demóstenes, o laboratório e a agência reguladora. Esses papéis mostram que, nos bastidores, Demóstenes mudava de lado. Ele usava seu prestígio de senador e a estrutura do Senado para pressionar a Anvisa a atender os pleitos de Cachoeira. Entre eles, apressar o registro de uma dúzia de medicamentos".
A situação do senador tem ficado cada vez mais insustentável. Apesar disso, Demóstenes transparece tranquilidade. Chegou a confidenciar a amigos que sua preocupação é apenas a credibilidade junto à opinião públicas; das punições no Congresso, ele consegue escapar.
Em conversas divulgadas ontem pelo jornal "O Globo" mostram Demóstenes discutindo com Cachoeira um projeto de lei que transforma em crime a exploração de jogos de azar, nomeações de funcionários do Senado e o andamento de um processo judicial de interesse do empresário em Goiás.
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