Na Coluna Plural do Novo Jornal.
Merecemos ser estrangeiros.
O povo brasileiro também merece ser estrangeiro. Ou melhor, ser tratado como aqui se tratam os turistas ou visitantes ilustres de outras plagas. Não confundir com pragas. Ter segurança de estrangeiro, tratamento de estrangeiro, paparicação de estrangeiro.
Nada contra os estrangeiros, muito pelo contrário, apenas desejo de um tratamento similar.
Se os estádios onde os estrangeiros vão jogar são drenados e refratários aos alagamentos. Nós também queremos ruas drenadas, como se também fossemos estrangeiros. Para nelas jogar as peladas da vida, do trabalho, da educação, saúde, cultura; com segurança de estrangeiros.
Se as delegações estrangeiras deslocam-se com segurança dos hotéis para os campos, dos campos para as praias, nas ruas, festas e passeios, nós também queremos segurança para andar no trânsito, ir aos supermercados, à praia, às padarias, farmácias, aos bancos.
Quero minha dupla nacionalidade. Sem abrir mão de ser brasileiro, reivindico o direito de ser holandês, francês ou alemão. Desde que mereça o tratamento que eles merecem.
Prefiro a África. Mas os africanos são brasileiros que também não deram certo, como diria Parreira, que afirmou ser a CBF o Brasil que deu certo. Certo pra quem, cara impálida?
No embate entre qualquer país da África contra qualquer time da Europa, eu sou África. No confronto entre as Américas eu sou, de lavagem, as terras cá da América Latina. Nada contra os americanos do Norte, mesmo que mereça ser contra tudo do que de lá se faz contra os daqui.
Diferentemente de alguns ilustres descendentes da África de Castro Alves, prefiro Mandela a Churchill. Mas há ilustres ilustríssimos que preferem falar alemão, inglês, francês, mesmo que não saibam pronunciar uma única frase em banto, nagô ou haussá. Línguas nas quais seus ancestrais espantavam os demônios e urravam baixinho as dores da escravidão.
O que se pode fazer contra os preconceitos e preconceituosos? Nada. Ou melhor, tudo. Basta ignorá-los. Dando ou comendo bananas. O pior de todos os preconceitos é aquele que esconde a insatisfação do próprio possuidor daquela condição.
Mas voltemos ao apelo inicial. Também quero ser estrangeiro. Tomando cerveja ou cachaça. Comendo paçoca com banana prata. Dormindo em rede, no alpendre, como se fazia antigamente, quando havia segurança de estrangeiro.
Vem a memória os veraneios de Muriú. Tota Zerôncio, Roberto Furtado, Décio Holanda, Jair Navarro, Lenilson Carvalho, Omar Guerreiro, Aécio Emerenciano, Rui Pereira, Wellington Aires do Couto, Petit das Virgens. Quem deixasse seus pertences de um veraneio para outro, numa casa ou noutra, encontrava-os intactos no ano seguinte.
Segurança que hoje é privilégio dos estrangeiros. Dividimo-nos entre nativos assustados e nativos bandidos.
Estiro a baciínha de esmolar: Uma nacionalidade, pelo amor de Deus! Té mais.
Merecemos ser estrangeiros.
O povo brasileiro também merece ser estrangeiro. Ou melhor, ser tratado como aqui se tratam os turistas ou visitantes ilustres de outras plagas. Não confundir com pragas. Ter segurança de estrangeiro, tratamento de estrangeiro, paparicação de estrangeiro.
Nada contra os estrangeiros, muito pelo contrário, apenas desejo de um tratamento similar.
Se os estádios onde os estrangeiros vão jogar são drenados e refratários aos alagamentos. Nós também queremos ruas drenadas, como se também fossemos estrangeiros. Para nelas jogar as peladas da vida, do trabalho, da educação, saúde, cultura; com segurança de estrangeiros.
Se as delegações estrangeiras deslocam-se com segurança dos hotéis para os campos, dos campos para as praias, nas ruas, festas e passeios, nós também queremos segurança para andar no trânsito, ir aos supermercados, à praia, às padarias, farmácias, aos bancos.
Quero minha dupla nacionalidade. Sem abrir mão de ser brasileiro, reivindico o direito de ser holandês, francês ou alemão. Desde que mereça o tratamento que eles merecem.
Prefiro a África. Mas os africanos são brasileiros que também não deram certo, como diria Parreira, que afirmou ser a CBF o Brasil que deu certo. Certo pra quem, cara impálida?
No embate entre qualquer país da África contra qualquer time da Europa, eu sou África. No confronto entre as Américas eu sou, de lavagem, as terras cá da América Latina. Nada contra os americanos do Norte, mesmo que mereça ser contra tudo do que de lá se faz contra os daqui.
Diferentemente de alguns ilustres descendentes da África de Castro Alves, prefiro Mandela a Churchill. Mas há ilustres ilustríssimos que preferem falar alemão, inglês, francês, mesmo que não saibam pronunciar uma única frase em banto, nagô ou haussá. Línguas nas quais seus ancestrais espantavam os demônios e urravam baixinho as dores da escravidão.
O que se pode fazer contra os preconceitos e preconceituosos? Nada. Ou melhor, tudo. Basta ignorá-los. Dando ou comendo bananas. O pior de todos os preconceitos é aquele que esconde a insatisfação do próprio possuidor daquela condição.
Mas voltemos ao apelo inicial. Também quero ser estrangeiro. Tomando cerveja ou cachaça. Comendo paçoca com banana prata. Dormindo em rede, no alpendre, como se fazia antigamente, quando havia segurança de estrangeiro.
Vem a memória os veraneios de Muriú. Tota Zerôncio, Roberto Furtado, Décio Holanda, Jair Navarro, Lenilson Carvalho, Omar Guerreiro, Aécio Emerenciano, Rui Pereira, Wellington Aires do Couto, Petit das Virgens. Quem deixasse seus pertences de um veraneio para outro, numa casa ou noutra, encontrava-os intactos no ano seguinte.
Segurança que hoje é privilégio dos estrangeiros. Dividimo-nos entre nativos assustados e nativos bandidos.
Estiro a baciínha de esmolar: Uma nacionalidade, pelo amor de Deus! Té mais.
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