A vida privada das pessoas deve ser preservada o máximo possível. E
se possível, sempre. Mas há situações que merecem uma reflexão.
Eu li no blog da competente jornalista Ana Ruth Dantas, na Tribuna do Norte, que o secretário estadual de Saúde, Luis Roberto Fonseca, embarcou para o exterior no auge da greve dos servidores da saúde.
O doutor Luis Roberto viajou para Argentina, em viagem com a família. Vai passar dez dias fora.
Antes de viajar, após inúmeras reuniões com os grevistas (ele me
contou esta semana que participou de pelo menos seis reuniões com os
grevistas), o secretário Luis Roberto mandou cortar o ponto dos
grevistas e pediu à Justiça a ilegalidade da greve dos servidores.
As duas medidas, sem dúvida, acirraram os ânimos dos grevistas nas negociações com o governo.
Eu sei que uma viagem ao exterior com a família, na maioria dos
casos, é resultado de um planejamento de meses, envolvendo esforços
financeiros e gerando expectativas de todos os familiares.
Eu sei também que este planejamento é de caráter pessoal, privado e diz respeito apenas ao grupo familiar.
Eu sei também que as pessoas têm direito ao descanso, ao período de férias e ao lazer com a família.
Mas há situações que as viagens pessoais devem ser revistas quando um
profissional assume uma função pública de grande repercussão na
sociedade, como é o caso do secretário estadual de saúde, Luis Roberto
Fonseca.
O homem público quando assume uma missão pública compromete sua
privacidade, sua individualidade e seus momentos com familiares e
amigos.
Se o homem público não se dá conta disso, ele não tem a exata noção do cargo que ocupa.
Presidente da República, governador, ministros e secretários de
Estado e de municípios são exemplos de funções públicas que exigem muito
da vida pessoal de qualquer cidadão.
Estas autoridades não têm hora para agir, decidir, prestar
esclarecimentos e estar presente em situações de calamidade ou de
extrema importância para a sociedade.
A greve dos servidores da saúde não é a primeira e nem vai ser a
última. O secretário Luis Roberto Fonseca me disse que tentou, de todas
as formas, atender as principais reivindicações da categoria - e eu
acredito que ele tenha se esforçado nesse sentido.
Ma sua viagem particular neste momento é, no mínimo, inoportuna. Este
é o um momento de crise. E, como em qualquer crise, exige da autoridade
pública toda a atenção que um profissional responsável deve empreender.
Um médico, como doutor Luis Roberto Fonseca, não deixa a sala de uma
cirurgia de emergência para atender o celular ou resolver problemas
pessoais.
A imagem que me vem é esta: doutor Luis Roberto deixou o "paciente"
na mesa de cirurgia. O paciente terminal é a saúde pública do Estado do
Rio Grande do Norte.
Como doutor Luis Roberto pode cortar o ponto dos grevistas se tirou dez dias de férias no exterior? Como?
Diógenes Dantas
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