quinta-feira, 22 de agosto de 2013

VIAGEM de doutor Luis Roberto é inoportuna neste momento de greve

A vida privada das pessoas deve ser preservada o máximo possível. E se possível, sempre. Mas há situações que merecem uma reflexão.

Eu li no blog da competente jornalista Ana Ruth Dantas, na Tribuna do Norte, que o secretário estadual de Saúde, Luis Roberto Fonseca, embarcou para o exterior no auge da greve dos servidores da saúde.

O doutor Luis Roberto viajou para Argentina, em viagem com a família. Vai passar dez dias fora.

Antes de viajar, após inúmeras reuniões com os grevistas (ele me contou esta semana que participou de pelo menos seis reuniões com os grevistas), o secretário Luis Roberto mandou cortar o ponto dos grevistas e pediu à Justiça a ilegalidade da greve dos servidores.

As duas medidas, sem dúvida, acirraram os ânimos dos grevistas nas negociações com o governo.

Eu sei que uma viagem ao exterior com a família, na maioria dos casos, é resultado de um planejamento de meses, envolvendo esforços financeiros e gerando expectativas de todos os familiares. 

Eu sei também que este planejamento é de caráter pessoal, privado e diz respeito apenas ao grupo familiar.

Eu sei também que as pessoas têm direito ao descanso, ao período de férias e ao lazer com a família.

Mas há situações que as viagens pessoais devem ser revistas quando um profissional assume uma função pública de grande repercussão na sociedade, como é o caso do secretário estadual de saúde, Luis Roberto Fonseca.

O homem público quando assume uma missão pública compromete sua privacidade, sua individualidade e seus momentos com familiares e amigos. 

Se o homem público não se dá conta disso, ele não tem a exata noção do cargo que ocupa.

Presidente da República, governador, ministros e secretários de Estado e de municípios são exemplos de funções públicas que exigem muito da vida pessoal de qualquer cidadão.

Estas autoridades não têm hora para agir, decidir, prestar esclarecimentos e estar presente em situações de calamidade ou de extrema importância para a sociedade.

A greve dos servidores da saúde não é a primeira e nem vai ser a última. O secretário Luis Roberto Fonseca me disse que tentou, de todas as formas, atender as principais reivindicações da categoria - e eu acredito que ele tenha se esforçado nesse sentido.

Ma sua viagem particular neste momento é, no mínimo, inoportuna. Este é o um momento de crise. E, como em qualquer crise, exige da autoridade pública toda a atenção que um profissional responsável deve empreender.

Um médico, como doutor Luis Roberto Fonseca, não deixa a sala de uma cirurgia de emergência para atender o celular ou resolver problemas pessoais. 

A imagem que me vem é esta: doutor Luis Roberto deixou o "paciente" na mesa de cirurgia. O paciente terminal é a saúde pública do Estado do Rio Grande do Norte.

Como doutor Luis Roberto pode cortar o ponto dos grevistas se tirou dez dias de férias no exterior? Como?

Diógenes Dantas

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