Brasília - Estudantes comemoram o Programa Nacional de Bolsa Permanência, anunciado hoje
(9) pelo Ministério da Educação (MEC). Para os movimentos estudantis, a
bolsa é uma conquista, uma reivindicação de anos por parte dos
estudantes. Estudantes indígenas, no entanto, veem o benefício com
ressalva. Segundo eles, será preciso um controle mais rígido para que as
bolsas sejam destinadas a quem realmente vem de comunidades
tradicionais.
"Atualmente, alunos de baixa renda são incorporados, mas não há
condições suficientes para que permaneçam estudando. O governo não dá
uma política a altura e temos uma evasão óbvia", contextualiza o
presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu. Ele
considera o programa um avanço, mas diz que ainda pode melhorar em
alguns aspectos. "Serão beneficiados aqueles matriculados em cursos com
uma carga horária média de cinco horas diárias. Esse benefício deveria
ser estendido a todos os estudantes de baixa renda independente do
curso". Ele adianta que as bolsas precisarão de reajustes periódicos.
Os estudantes indígenas identificam outro problema. Presentes no
evento, eles também estão satisfeitos com o benefício, que inclusive
terá um valor superior para indígenas e quilombolas, mas, para que sejam
considerados membros de comunidades tradicionais, será pedida apenas
uma declaração com a origem familiar. "Existe, hoje, estudantes não
indígenas que pegam declarações com lideranças e conseguem benefícios",
diz a estudante da Universidade de Brasília Vilma Benedito, da etnia
Tupiniquim.
"Achei favorável a medida para os estudantes. Eles vêm [para as
universidades] com a esperança de ter conquistas e muitas vezes não
conseguem se fixar, pela dificuldade financeira, pela dificuldade com a
língua. A bolsa é importante para os indígenas, mas deve haver uma forma
de filtrar, senão será apenas mais uma forma de favorecer os não
indígenas", acrescenta Vilma.
Os estudantes começam a receber a bolsa do Programa Nacional de
Bolsa Permanência em junho deste ano. O pagamento será feito diretamente
aos estudantes por meio de cartão do Banco do Brasil. Para participar
do programa, serão exigidos dois critérios: renda per capita mensal
inferior a 1,5 salário mínimo e estar matriculado em cursos com carga
horária de no mínimo cinco horas diárias. Os estudantes receberão
mensalmente R$ 400. No caso dos indígenas e quilombolas, a bolsa será R$
900.
Para manter a bolsa, os estudantes deverão frequentar as aulas e ter
um bom desempenho acadêmico. Os cadastros deverão ser aprovados pelas
universidades e institutos federais e serão mensalmente homologados
pelas instituições. Poderão ser beneficiados tanto os estudantes que
ingressaram este ano pela Lei de Cotas Sociais (12.711/2012) quanto os
que preenchem os critérios e estão há mais tempo matriculados nas
instituições.
As bolsas assistenciais poderão ser cumulativas com bolsas
meritocráticas, como bolsas de pesquisa e extensão. O prazo máximo para o
estudante continuar recebendo o benefício é até dois períodos além do
tempo de conclusão do curso, caso, por algum motivo, atrase a graduação.
Após esse prazo, a bolsa será cortada.
O Ministério da Educação não tem estimativa de quantos serão os
beneficiados, nem de quanto será investido, segundo a pasta, os cálculos
serão consolidados a partir da próxima semana, quando as universidades
terão acesso ao cadastramento online. No entanto, o ministro da
Educação, Aloizio Mercadante, diz que a assistência estudantil
(moradia, alimentação, transporte e construção de bibliotecas) é
prioridade do MEC e que "não temos problema de recurso orçamentário.
Isso está assegurado". Ao todo, estão previstos para este ano, R$ 650
milhões em assistência.
Com informações da Agência Brasil
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