Editorial do Jornal Zero Hora: cada vez mais os brasileiros em fase de aprendizagem precisam ser conscientizados sobre os ganhos de persistirem nos estudos para a vida pessoal e profissional
Pesquisa divulgada no
final da última semana confirma uma das muitas vantagens de os
brasileiros continuarem lutando para garantir um número maior de anos de
estudo, que culminem de preferência na conclusão de um curso superior.
Trabalhadores com diploma universitário, conclui o Cadastro Geral de
Empresas, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), chegam a ganhar até 219,4% mais do que pessoas com menor
escolaridade. Ainda que outras habilidades e características pessoais
também tenham peso decisivo na realização salarial dos trabalhadores, o
nível de ensino constitui-se cada vez mais num pressuposto, sem o qual o
candidato a uma vaga no mercado formal corre o risco de ficar cada vez
mais à margem das oportunidades colocadas à disposição.
Entre os assalariados
levados em conta na pesquisa, 82,9% não tinham nível superior e
ganhavam, em média, R$ 1.294,70. No caso dos que cursaram o 3º grau, o
valor médio alcançava R$ 4.135,06 mensais na época da realização do
trabalho. A questão é que o país praticamente universalizou o acesso ao
Ensino Fundamental, leva cada vez mais alunos ao Ensino Médio e criou
uma série de facilidades para o ingresso no nível superior. Ainda assim,
não conseguiu até agora convencer plenamente a sociedade da importância
do ensino para a realização pessoal e profissional. O resultado é que,
mesmo com os avanços registrados nos últimos anos, o Brasil segue
distante nessa área do padrão conquistado por países que se convenceram
da educação como fator de propulsão do desenvolvimento e mesmo de outras
nações latino-americanas. Como quem já está à frente vai querer
continuar avançando, o Brasil precisa agir logo para não ficar tão para
trás.
Os estudos realizados
nesta área são unânimes em garantir que cada ano de estudo significa, em
média, um aumento de 15% nos rendimentos dos trabalhadores. A questão é
que os jovens brasileiros, particularmente os egressos de famílias de
menor renda, não têm uma consciência clara sobre o impacto que a
escolaridade pode implicar em suas vidas. Essa falta de consciência
explica o fato de um número tão elevado de adolescentes desistir dos
estudos antes de concluir o Ensino Médio. As razões vão desde o
desinteresse pelos conteúdos programáticos, até o excessivo número de
repetência e a inadequação entre idade e série cursada, além da
necessidade de ingressar mais cedo no mercado de trabalho. Todas elas
deveriam merecer atenção especial por parte do poder público.
Cada vez mais os
brasileiros em fase de aprendizagem precisam ser conscientizados sobre
os ganhos de persistirem nos estudos para a vida pessoal e profissional.
Essa é uma missão que deveria envolver, de forma permanente, todos os
brasileiros interessados num futuro melhor para o país.
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