O Governo do Estado começou o ano vetando todas as emendas coletivas
da Assembleia Legislativa ao Orçamento-Geral do Estado (OGE 2013)
afirmando que precisava economizar e que elas poderiam prejudicar as
contas públicas. Contudo, ao analisar as finanças do Estado disponíveis
no Portal da Transparência, é possível ver que a situação governamental
está ainda melhor que em 2012, quando a arrecadação bateu o recorde de
R$ 8,3 bilhões. Em janeiro deste ano, o Governo do Estado já arrecadou
R$ 876,8 milhões, o que representa R$ 28,2 milhões por dia.
Para se ter ideia, esse valor representa um aumento, diário, na
arrecadação estadual de R$ 5,5 milhões em comparação aos R$ 22,7 milhões
médios que o Governo conseguia em 2012. Ou seja: R$ 170 milhões a mais
ao final do mês. A arrecadação estadual só de janeiro representou 7,97%
do total previsto para este ano, que é de R$ 10,998 bilhões.
Nesta semana, inclusive, segundo o Portal da Transparência, a
arrecadação estadual já estava R$ 200 milhões mais alta, superando a
marca do primeiro bilhão de reais em pouco mais de um mês e meio. Com
esse valor, seria possível o Governo construir duas Arenas das Dunas
(avaliada em R$ 400 milhões cada) e mais uma Ponte Newton Navarro (que
custou R$ 196 milhões), considerada a principal obra da gestão anterior,
de Wilma de Faria.
Porém, essa não é a única comparação que pode ser feita com os
valores arrecadados. Alias, para atualizar mais esse tipo de análise,
pode-se fazer a comparação com o valor de investimento do Governo do
Estado na compra de 450 toneladas de sementes de milho, feijão e sorgo,
que serão distribuídas para 42 mil produtores rurais e atenderá todas as
regiões do Rio Grande do Norte.
O valor do investimento foi de R$ 3,8 milhões, mas se o Governo do
Estado usasse só o “a mais” que ele arrecadou por dia em janeiro (os R$
5,5 milhões), poderiam ser compradas quase 20 mil toneladas dessas
sementes. Ainda em relação ao homem do campo, mas dizendo respeito
também à situação de seca, nesta semana, o Governo do Estado anunciou a
aprovação do novo plano de trabalho para a instalação de mais 270 poços
em 49 municípios do Rio Grande do Norte.
Nesse projeto, o investimento foi na ordem, segundo o próprio
Governo, de R$ 5 milhões, valor oriundo da Defesa Civil Nacional. Ou
seja: se investisse o que arrecadou em um só dia neste ano (os R$ 28,2
milhões) a gestão Rosalba Ciarlini poderia construir quase 12 mil poços
tubulares, mais de 85 em cada um dos 139 municípios em situação de
calamidade devido à estiagem.
ARRECADAÇÃO
ARRECADAÇÃO
Dos mais de R$ 800 milhões arrecadados em janeiro, o Portal da
Transparência mostra que cerca de R$ 323,9 milhões foram apenas do
Imposto sobre a Produção e Circulação de Mercadorias. Para o ano, a
previsão é que essa fonte de renda estatal seja de R$ 4,2 bilhões. De
repasses da União, no primeiro mês do ano, somam-se outros R$ 377,8
milhões, o que representou 12% do total de R$ 3 bilhões previstos para
2013.
DESPESA
Muitas vezes, quando se fala em aumento da receita no Governo do
Estado, a informação é acompanhada de um crescimento, também, nas
despesas. Esse, por sinal, seria o motivo para que neste início de
terceiro ano de gestão Rosalba Ciarlini, a justificativa da falta de
recursos financeiros ainda esteja em vigor. Contudo, neste começo de
2013, pelo menos segundo o Portal da Transparência, o que se viu foi um
crescimento acentuado da receita que não foi acompanhado pelas despesas.
Bom, pelo menos não na descrição do Portal da Transparência. Despesas
em janeiro, conforme aponta o site, estão na casa dos R$ 360 milhões.
Isso é menos da metade do que foi arrecadado no mesmo mês pelos cofres
públicos do Estado. Na verdade, só com repasses federais seria possível
cobrir essas despesas.
Com um valor como esse, pode-se dizer que o Governo do Estado
arrecadou R$ 28,2 milhões por dia em janeiro de 2013, mas gastou apenas
R$ 11,6 milhões, ficando com um saldo positivo diário de R$ 16,6
milhões. Dessa forma, só com esse superávit, a gestão Rosalba Ciarlini
poderia ter assinado, todos os dias, um contrato semelhante ao que foi
feito com a Associação Marca para gerir o Hospital da Mulher, em
Mossoró.
Afinal, esse foi o valor que o Governo Estadual aceitou pagar à
organização social para que ela administre a unidade médica
recém-inaugurada durante seis meses. Diante disso, porém, é importante
lembrar que esse contrato foi alvo de questionamento do Ministério
Público e pela Justiça Estadual.
Além disso, uma auditoria feita pela Controladoria-Geral do Estado
apontou que houve sobrepreço no valor que deveria ser pagar à Marca –
que é aquela mesma acusada de irregularidade na Operação Assepsia. Esse
“superfaturamento”, inclusive, chegaria a mais de R$ 8 milhões (valor
que ainda pode ser alterado ao final do processo de auditoria).
Contudo, apesar de se tratarem de informações do Portal da
Transparência, é importante esclarecer que esse dado representa apenas
despesas realmente pagas e não os restos a pagar que, por exemplo, por
questões burocráticas, já comprometem o orçamento, mas ainda não foram
oficialmente quitadas.
2012
No ano passado, o segundo ano de gestão de Rosalba Ciarlini, o Rio
Grande do Norte conseguiu arrecadar R$ 8,294 bilhões. Contudo, a
previsão de arrecadação era de R$ 9,350 bilhões. Sendo assim, a gestão
conseguiu realizar menos de 90% do previsto, errando seu planejamento em
mais de R$ 1 bilhão, o que explicaria as dificuldades financeiras de
que se reclamou: planejou mais, gastou mais, mas arrecadou menos.
Com informações do Portal JH
Ciro Marques
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