Florescendo Saberes: Ciência, Cultura e Tecnologia no Sertão
A SEMANA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA é um evento que tem como objetivo
estimular, ampliar e aprofundar a integração entre os diversos grupos de
ensino, pesquisa e extensão e as áreas de conhecimento atuantes na
Instituição, sendo um espaço para troca de experiências e divulgação da
produção acadêmica, articulada às necessidades das empresas e comunidade
em geral.
Desde quando era uma vez, o homem sofreu fome e sede.
No princípio, colheu os frutos das árvores e a água dos rios para
saciar-se. Nesse tempo, era nômade, vagava como os bichos brutos.
Percebeu, depois, que podia enraizar-se no chão, cultivá-lo, e colher os
frutos da terra. Viu, certo dia, um raio incendiar um velho tronco, e
descobriu o fogo, e chamou ao fogo “deus” porque estrondava o
firmamento, alumiava o céu escuro e fazia mais gostosa a comida e quente
a própria carne. Ergueu, então, casas. Fincou currais. Abriu cacimbas.
Inventou roupa, cadeira, rede, barco, instrumentos de metal. E daí
surgiram as famílias, as primeiras cidades, as religiões, os governos. A
vã cobiça e a vaidade, porém, desde logo ceifaram a paz; a terra não
foi partilhada nem o pão chegou a todas as mesas. Vieram, assim, as
guerras. E Deus muitas vezes chorou.
Com o passar das eras, descobriu o homem que a Terra era redonda;
inventou máquinas que por dinheiro vestissem e alimentassem as
multidões; descobriu os micróbios que matavam às cegas; dividiu o átomo;
e muito mudou do que se imaginava perpétuo.
A própria realidade já não é tão real nesta era cibernética.
Mas o homem, no entanto, nem de todo despido de sua brutalidade
antiga, ainda é cativo da fome e da sede... E ainda se mata por água e
pão. A liberdade que tantas bandeiras ergueu ao longo do tempo, é ainda
utopia entre as nações. Em pleno século XXI, muitas vezes não sabemos
por quem os sinos dobram. O homem é ainda lobo do próprio homem.
O lobo mais voraz é o medo quanto ao futuro.
Olhar o futuro escavando o passado e semeando o presente. Eis o
propósito do IFRN Câmpus Pau dos Ferros nesta SEMANA DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA. Olhá-lo pelos olhos do Sertão é demasiado humano, é a
própria humanidade. O Sertão – diga-o Guimarães Rosa – está dentro da
gente! O Sertão é a própria utopia que se realizada; é o cinza que se
põe verde quando chove a esperança. Quem faz chover esperança nos
corações da juventude, e fazê-los sempre verdes, é a educação. Educar os
jovens quanto às ciências e tecnologias; instrumentalizá-los no
manuseio de laboratórios e máquinas; oferecer-lhes o conhecimento de uma
profissão. Mas não só isso.
Quando já não mais se olha o sol nem as
estrelas, porque o “sistema” – essa ignóbil incógnita da civilização
contemporânea – diz que o tempo corre, embora as filas não andem; quando
o deleite parece ameaçado pela mecanicidade imediatista da burocracia, e
nem sempre deciframos o enigma de Édipo no tablet ou no facebook; hoje,
mais do que nunca, é preciso mostrar aos jovens algo para muitos deles
ainda escondido nestes rincões não obstante “globalizados”; algo que se
vê não apenas com os olhos da razão, mas sobretudo da sensibilidade: que
há certos livros a serem lidos e melodias a serem ouvidas e quadros e
filmes a serem admirados... Em outras palavras, educá-los na arte para
que descubram a poesia do próprio cotidiano e, assim, semeiem as raízes
do amanhã.
Com esse propósito, o IFRN Câmpus Pau dos Ferros convida a todos
para juntos adentrarmos as veredas deste grande Sertão, em busca de
nossa identidade enquanto sertanejo, brasileiro e ser humano. O Sertão
do ponto de vista da sociedade, da seca, das máquinas, da ciência, da
poesia...
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