A publicidade continua consumindo e vendendo a imagem das mulheres padrão: jovens, brancas, de cabelos lisos e que performam feminilidade. A conclusão é da pesquisadora Patrícia Nunes, que vai lançar o livro “Consumidora Consumida: a mulher em anúncios de outdoors”, pela editora Appris no próximo dia 30.
A apresentação formal do livro será às 17h pelo perfil da autora no Instagram, @patriciadsnunes_, com participação do mestre em Ciências Sociais pela UFRN Adailton Sousa.
O trabalho já está à venda no site da editora e é resultado da dissertação de mestrado de Patrícia, defendida em 2019 no Programa de Pós-graduação em Estudos da Mídia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob orientação da professora Josimey Costa. A pesquisa recebeu o Prêmio Francisco Morel da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (Intercom), em Joinville – SC.
Patrícia Nunes realizou um mapeamento em seis avenidas da capital potiguar (Hermes da Fonseca, Senador Salgado Filho, Prudente de Morais, Roberto Freire, João Medeiros Filho e parte da BR 101) para registro fotográfico dos anúncios entre 2017 e 2019. Todo o trajeto foi percorrido a pé e 64 outdoors com imagens femininas passaram por análise semiótica, que investiga a construção de significado a partir de mensagens visuais e textuais. A discussão recorreu a autores dos estudos de corpo, gênero e feminismos.
Eu já parti do pressuposto que a publicidade objetifica o corpo feminino. Mas observar isso de forma mais localizada e regional possibilita ter um panorama dessas imagens. Desde a graduação me incomodava a forma como a mulher era trazida em algumas campanhas, então no mestrado decidi observar isso na minha cidade”, disse a publicitária, explicando um pouco de sua motivação.
Ela conta que as imagens usam o discurso de que, “para ser feliz e bem-sucedida, as mulheres devem sempre ser bonitas e jovens”, conclui.
Segundo Patrícia, há pouca visibilidade de mulheres não brancas. De todas as que apareceram nas fotografias, apenas sete eram negras e cinco, pardas. Não há representação de mulheres com deficiência e o que pôde identificar foi a reprodução de um padrão de gênero binário, heteronormativo e racializado para comunicar diferentes produtos e marcas.
“Observei que ilustram estereótipos e padrões de feminilidade, com mulheres majoritariamente jovens (20-24 anos), brancas, olhos claros e cabelos lisos. Os outdoors mostram um padrão de mulher que não coincide com a realidade da capital”.
No trabalho, os outdoors foram separados por segmentos de mercado, como moda, construção civil e lazer. Apenas o setor da educação, de acordo com Patrícia, rompeu com papeis tradicionais da mulher:
“Mostram a mulher conquistando sucesso profissional. A mulher trazida por eles é independente, ocupa o mercado de trabalho, o ensino superior. Em alguns anúncios há personagens com identificação por meio de legendas, o que leva a pensar que são da própria instituição. Outros não. Mas isso não é o foco. O interesse para semiótica é da personagem em cena”, explica, ao ressaltar que percebeu outras imagens femininas na cidade que vão além dos produtos publicitários.
Agora a pesquisadora se debruça sobre a arte urbana. “Publicidade e Expressões simbólicas da mulher na cena urbana” é o tema do doutorado de Nunes, desenvolvido em Recife, na Universidade Federal de Pernambuco, tendo como campo de investigação as duas capitais nordestinas.
Fonte: Saiba Mais/RN
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