Roxo, azul, verde, amarelo,
laranja, vermelho: a bandeira do arco-íris é o maior símbolo da luta contra a
LGBTfobia, sendo hasteada em manifestações, eventos contra a violência e
paradas ao redor do mundo. Criada há quase 40 anos por um ex-militar que
aprendeu sozinho a costurar, sua história se mistura à trajetória da luta por
direitos dos homossexuais – e é tão interessante quanto.
Nascido em uma pequena
cidade no Kansas, um dos estados mais conservadores dos Estados Unidos, Gilbert
Baker entrou para o exército aos 19 anos. Foi o serviço militar que o
enviou para São Francisco, onde, no auge dos anos 1970, a luta pelos direitos
dos homossexuais ganhava força junto do feminismo, do movimento negro e do
pacifismo. Baker faria 66 anos nesta sexta (2) – ele morreu em março deste ano.
Envolvido na onda dos
direitos civis que inundava a cidade e o mundo, o
artista decidiu sair do exército e se fixar em São Francisco, onde
começou a se envolver cada vez mais com o movimento LGBT e com as manifestações
contrárias à guerra do Vietnã. Para ganhar algum dinheiro, o ex-militar
aprendeu a costurar e passou a criar cartazes e faixas para os movimentos
nos quais militava. O ativismo rendeu ao artista certa fama na cidade,
além da amizade com Harvey Milk, primeiro político do país a se assumir
homossexual e a lutar pelos direitos deste grupo.
Além do arco-íris
Até então, a população LGBT
não tinha um símbolo próprio que a unificasse enquanto grupo social. Havia
ícones que marcavam sua exclusão, como os triângulos cor-de-rosa que
identificavam homossexuais nos campos de concentração durante a Segunda Guerra
Mundial, e que alguns ativistas até chegaram ressignificar, mas nada criado por
alguém que se identificasse como LGBT. E nada que tivesse, desde sua criação,
uma carga positiva.
Neste contexto, Milk
incumbiu Baker da tarefa de unificar as vozes da comunidade LGBT dentro de
um único ícone; algo simples, bonito e que deixasse claro que a existência do
coletivo era algo que não ameaçava ninguém. O desafio tinha prazo: o artista
deveria criar algo para o desfile do orgulho gay de 25 de junho de 1978.
Baker buscou inspiração na
cultura hippie, que via o arco-íris como um símbolo da paz, e na canção Over the rainbow,
interpretada por Judy Garland em O
mágico de Oz – cuja letra descreve um lugar pacífico “além do
arco-íris”. Na bandeira criada por ele, cada faixa possui um significado:
o roxo representa a força; o azul, a arte; o verde, a natureza; o amarelo, a
luz; o laranja, a cura, e o vermelho, a vivacidade.
Havia ainda outras duas
cores: o rosa, que simbolizava o sexo, e o turquesa, representando a harmonia –
mas ambas foram retiradas das versões mais modernas por serem caras. Atualmente,
algumas versões trazem também uma faixa preta, em homenagem aos mortos pelo
vírus da AIDS, que teria sua maior epidemia mundial pouco depois da criação do
símbolo.
Em 27 de novembro de 1978,
meses depois da primeira marcha usar a criação de Baker, Harvey Milk e o então
prefeito de são Francisco, George Moscone, foram assassinados. A indignação
popular fez a demanda pela bandeira crescer e sua representação na mídia
aumentar, disseminando-a mundo afora como um ícone da luta LGBT – e lançando Gilbert
Baker como o unificador das vozes da comunidade.
*Revista Cult-Helô D'Ângelo
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