BRASÍLIA - Ao instalar a comissão especial que irá analisar as 28 propostas da Agenda Brasil, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) recorreu a versos da funkeira Valesca Popozuda para dizer que é fundamental abandonar intrigas políticas e se buscar a união de partidos, sociedade e da presidente Dilma Rousseff para aprovar as soluções para salvar a Nação. Em um discurso inflamado, Renan disse que a prioridade da Agenda Brasil é destravar os pés da economia, dar segurança jurídica, criar ambiente de negócios, recuperar a credibilidade do Brasil e evitar , acima de tudo, a perda do grau de investimento do país.
— Tiro, porrada e bomba, como diz versos da música contemporânea, não reerguem nações, espalham ruínas e só ampliam escombros. Não seremos sabotadores da Nação — discursou Renan, repetindo trecho de música da funkeira carioca que responde a amigas invejosas que querem sua derrota.
A comissão especial será presidida pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), e terá, como vice-presidente o senador Romero Jucá (PMDB-RR). O relator será Blairo Maggi (PR-MT), mas Renan anunciou que a ideia é ter mais dois vice-presidentes e relatores setoriais, com indicações de senadores da oposição, inclusive. Ele contou que no encontro hoje, com a presidente Dilma, ouviu dela que o governo apoiará a votação das matérias com a celeridade com que se votou cerca de 40 proposições para responder as ruas, em 2013.
No discurso, ao defender o apoio suprapartidário, Renan disse que nos ciclos históricos de maior gravidade, os momentos como o que o Brasil vive hoje, não comporta omissão de ninguém.
— Inércia e abulia são atalhos para a ruína. Não seremos narradores desse precipício. A crise não é apocalíptica, mas exige de todos nós engajamento total — disse Renan.
Ele voltou a negar que a Agenda Brasil seja um instrumento para salvar a presidente Dilma ou reaproximá-lo do governo. Disse que não é oposição nem governo, e como presidente do Congresso Nacional, diz que a Agenda Brasil é para a Nação e ela desautoriza “devaneios” políticos.
— Não é uma tentativa de aproximação com ninguém, mas um afastamento da crise. O governo tem prazo de validade, a Nação não tem prazo de validade. E os novos tempos não permitem intrigas — disse Renan.
Renan voltou a cobrar do governo corte de gastos, venda ativos e criação de políticas para retomada do crescimento. Mas na conversa com Dilma, pela manhã, ele disse que não houve qualquer avanço sobre a disposição de cortar dez ministérios. Renan disse que a Agenda Brasil não é apenas uma carta de intenções e espera que as propostas saiam rapidamente do papel para desamarrar a economia do país. E será uma alternativa a criação de tantos impostos.
— Com a Agenda Brasil vamos buscar a cura para a ressaca econômica e a sede insaciável por novos impostos — discursou Renan.
*Agência O Globo
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