MOSSORÓ HOJE - O presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou nesta sexta-feira (17) o rompimento de
suas relações políticas com o governo de Dilma Rousseff (PT). O anúncio
foi feito um dia após vir a público o
depoimento do consultor da Júlio Camargo à Justiça Federal do Paraná,
no âmbito da operação Lava Jato, no qual ele afirma ter pago US$ 5
milhões em propina a Cunha. O presidente da Câmara nega as acusações.
"Estou
oficialmente rompido com o governo a partir de hoje", declarou. Ele
disse ainda que irá pregar no congresso do PMDB, que deve ocorrer em
setembro, a saída do partido da base aliada do governo. "Teremos a
seriedade que o cargo ocupa. Porém, o presidente da Câmara é oposição ao
governo", disse.
Cunha é do PMDB, partido do vice-presidente
Michel Temer. No entanto, as relações entre o chefe da Câmara e o
governo Dilma já estão tensas desde que o peemedebista tomou posse como
presidente da Câmara, em fevereiro.
Na última quinta-feira (16),
Cunha emitiu uma nota na qual negava as acusações feitas por Camargo. Em
entrevista coletiva, o presidente da Câmara afirmou que não se deixará
ser "constrangido" e "fragilizado" pelo depoimento de Camargo.
Cunha
voltou a defender a tese de que as investigações contra ele são um
ataque pessoal feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e
que o Palácio do Planalto estaria influenciando os rumos da operação
Lava Jato. Cunha chegou a dizer que Janot poderia ter pressionado
Camargo a "mentir".
"É muito estranho, às vésperas da eleição do
procurador-geral da República e às vésperas de pronunciamento meu em
rede nacional [marcado para esta sexta-feira], que as ameaças ao delator
tenham conseguido o efeito desejado pelo procurador, ou seja, obrigar o
delator a mentir", afirmou Cunha.
Explodir
Ameaçado de
implosão pelos desdobramentos da Operação Lava jato, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) decidiu dobrar a aposta. Ele sinaliza para os seus aliados que
está estocando dinamite. “Eu vou explodir o governo”, declara em
privado o presidente da Câmara. Terceira autoridade na linha de
sucessão, Cunha imaginava-se portador de um destino. Começa a perceber
que virou uma fatalidade. E não parece disposto a ruir sozinho.
Dias
atrás, em conversa com o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), Cunha
acusou-o de tramar com o procurador-geral da República Rodrigo Janot
para prejudicá-lo. Alheio às negativas do interlocutor, Cunha ameaçou
converter a rotina do governo na Câmara num inferno. Noutro encontro,
tratou do impeachment de Dilma com o deputado Arthur Lira (PP-AL),
presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ).
Cunha
arma emboscadas para Dilma na volta das férias do Legislativo, em
agosto. Age em combinação com o presidente do Senado, Renan Calheiros,
outro investigado da Lava Jato que busca refúgio atrás da tese do sítio
do Planalto e da Procuradoria ao Congresso. A dupla trama inaugurar CPIs
sobre Fundos de Pensão e BNDES nas duas Casas. As comissões do Senado
já foram encaminhadas.
Com a bússola quebrada, o Planalto
avaliara que o avanço da Lava Jato sobre os investigados com mandato
levaria a um recuo de Cunha e Renan. Deu-se, porém, o oposto. Na
definição de um cacique do PMDB, os presidentes da Câmara e do Senado
comportam-se como “camicases” —uma referência aos pilotos da força aérea
japonesa que realizavam ataques suicidas contra armadas inimigas.
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