Por João Bosco Leal www.joaoboscoleal.com.br
Nos
últimos dias os brasileiros têm assistido a uma quantidade de protestos
antes inimaginável para uma população que nos últimos anos sempre se
mostrou passiva, acatando todo tipo de desmando imposto pelos três
Poderes Constituídos.
Iniciado
em São Paulo e originalmente provocado por um novo aumento no preço das
passagens dos transportes urbanos, rapidamente o protesto se espalhou
por 11 capitais brasileiras e a cada dia recebe adesão de outras.
Imaginando
ser um protesto pequeno como os raros que ocorreram nos últimos anos,
os políticos deram aos policiais ordens para reprimir as manifestações, o
que acabou gerando, por parte da polícia, o uso de força
desproporcional sobre uma manifestação até aquele momento pacífica.
Através
das mesmas redes sociais pelas quais se convocaram os protestos, foram
divulgados diversos vídeos da repressão policial, o que causou uma
enorme repercussão nacional e internacional, gerando protestos de outros
milhares de brasileiros em diversas cidades de outros países, como Nova
York nos Estados Unidos, Toronto no Canadá, Dublin na Irlanda e Berlin
na Alemanha em apoio a seus compatriotas.
Os
políticos - que só pensam no próprio bolso, na próxima eleição e em
suas reeleições -, atônitos, não sabiam sequer como reagir e buscavam,
entre seus pares e assessores, quais as atitudes tomar que não
provocassem um distanciamento ainda maior de seus eleitores, que já não
se sente representada por eles.
Alguns
canais de televisão, mais dependentes de verbas públicas e de
autorização política quando da renovação de suas licenças, o que
consequentemente os torna muito comprometidos e submetidos à pressão
econômica do governo, inicialmente davam a notícia com pouco destaque.
Percebendo
que como divulgadores de notícias, estavam sendo facilmente
ultrapassadas pelas redes socais atualmente existentes, que a cada
segundo divulgavam centenas de novos vídeos das passeatas e de sua
repressão, o que inclusive abre caminho para uma provável mudança no
conceito dos investidores em publicidade, que as desfalcará de sua
principal fonte de renda, passaram a dar destaque e maior cobertura aos
acontecimentos.
A
utilização das redes sociais como meio de divulgação de notícias são
uma realidade ainda pouco explorada em nosso país e por isso mesmo não
estavam sendo consideradas pelas redes de televisão que foram
atropeladas por estas.
São
lições que todos - políticos, manifestantes e meios de comunicação -,
deveriam assimilar para uma nova postura política da população. Ficou
claro que os brasileiros despertaram e descobriram seu poder, tanto que
os prefeitos de São Paulo, Rio de Janeiro e de diversas outras capitais e
cidades do interior já revogaram os aumentos. Os políticos, por outro
lado, também acusaram o golpe e certamente passarão a pensar um pouco
mais antes de impor novas regras à população.
Pena
que diante de uma chance fantástica como esta para pressionar os maus
políticos que aí estão, os manifestantes e suas lideranças se deixaram
infiltrar por grupos radicais cujo objetivo principal era o de causar
tumulto, vandalismo, depredações, destruições de bens públicos e
privados, de modo a permitir o uso da repressão policial.
O
PT - partido mais criticado nas manifestações por ser o responsável,
tanto pelos maiores problemas atuais do país como pela autorização do
uso de força militar em São Paulo - e os partidos da base de sustentação
do governo enviaram essas pessoas com dois objetivos bem definidos:
causar tumulto e queriam aparecer como apoiadores dos protestos e não
como os governos criticados.
Mas
é bom lembrar que, historicamente, todas as grandes transformações
ocorridas nos mais diversos países começaram com um fato que promoveu a
indignação de vários, que se uniram contra o mesmo.
Manifestações públicas são legítimas na democracia, mas depredação é crime em qualquer regime.
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