No Brasil, o absurdo
adquiriu uma admirável naturalidade. O excesso de inusitado faz do
brasileiro um ser que se espanta cada vez menos. O país suprimiu dos
seus hábitos o ponto de exclamação. Sob essa atmosfera de generalizado
torpor, a turma de Brasília sente-se à vontade para torrar a verba
pública como se fosse dinheiro grátis.
Veja-se, por exemplo, a penúltima do Senado, revelada pelo
repórter Vinicius Sassine: Renan Calheiros (PMDB-AL) dispõe na
residência oficial de presidente do Senado de um mordomo e dois garçons.
Foram nomeados por atos secretos. Espanto! O mordomo, Francisco Joarez
Cordeiro Gomes, recebeu R$ 18,2 mil em março. Pasmo!! Os garçons,
Francisco Hermínio de Andrade e Djalma da Silva Lima, beliscaram R$ 10,7
mil e R$ 11,6 mil, respectivamente. Estupefação!!!
No gabinete de Renan e
no plenário do Senado os salários dos garçons são mais modestos. Ali,
variam de R$ 7,2 mil a R$ 14.6 mil. Os senadores, que se espantam menos
do que os eleitores, já nem se dão conta do absurdo que os rodeia. Os
garçons costumam lhes servir apenas água e café. Mas se levassem na
bandeja uma sopa de baratas, nenhum deles faria a concessão de uma
surpresa.
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