O deputado federal Henrique Alves (PMDB) foi dormir na última
sexta-feira com a certeza de que seria eleito presidente da Câmara dos
Deputados, mas acordou no sábado com o projeto em risco.
O motivo: uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo que mostra que o
parlamentar abastecia a empresa Bonacci Engenharia e Comércio Ltda cujo
um dos sócios é Aluízio Dutra de Almeida, assessor de Henrique desde
1998. O abastecimento se deu através de emendas do deputado que
resultaram em licitações vencidas pela empreiteira em três prefeituras
do Rio Grande do Norte. O deputado nega o favorecimento e o assessor
disse à Folha de S.Paulo que não há conflito ético na situação.
Mais
tarde, a revista Veja trouxe outro assunto informando que a empresa
Global Transportes, em nome da "laranja" Viviane dos Santos, uma
vendedora de tapetes, fornecia serviços para o gabinete de Henrique.
A
Global Transportes recebe R$ 8.500 da verba de gabinete de Henrique
Alves para ceder veículos. Procurado pela Veja, Henrique disparou: "Você
acha que eu cuido disso?". Em seguida, ele indicou o funcionário
Wellington Costa que colocou o chefe em situação constrangedora ao
dizer: "Talvez o deputado não se lembre, mas foi ele quem mandou
contratar essa empresa".
A Veja informou ainda que quem está por trás
da Global Transportes é o ex-assessor do PMDB César Cunha, que era dono
da Executiva que até 2009, quando passou a ter problemas com a Justiça,
fornecia as notas relativas aos gastos com transporte no gabinete de
Henrique. A Global acabou ficando com a função.
Já no domingo, o
jornal O Estado de S. Paulo resgatou o caso do suposto envio ilegal de
R$ 15 milhões por parte de Henrique Alves para o exterior. O fato o
deixou fora da vaga de vice de José Serra (PSDB) nas eleições de 2002.
A
ação só foi movida pelo Ministério Público Federal em 2004. Em
novembro, o deputado conseguiu uma liminar para a suspensão da quebra de
sigilo fiscal e bancário.
Ontem, a Folha de S.Paulo voltou a bateria
midiática contra a Bonaci Engenharia, Comércio Ltda., dirigida pelo
assessor do parlamentar, Aluízio Dutra de Almeida, que ganhou R$ 1,2
milhão para fazer obras do Departamento Nacional de Obras Contra as
Secas (Dnocs). O órgão federal é da conta de indicações de Henrique
Alves. Primeiro estava lá Elias Fernandes, demitido por irregularidade.
Henrique indicou o substituto: Emerson Fernandes Daniel Júnior que nega
interferência do parlamentar. "Não houve nem tem havido qualquer pedido
ou interferência do deputado", alegou.
O Globo mostra quem estaria "por trás" das denúncias
Enquanto
os jornais paulistas denunciam Henrique Alves, o jornal O Globo tentou
explicar quem estaria por trás das denúncias contra o líder do PMDB na
Câmara dos Deputados.
O jornal O Globo afirmou que as denúncias são
alvo de "Fogo Amigo" do próprio PMDB que estaria, nos bastidores,
dividido quanto à escolha do candidato do partido à presidência da
Câmara dos Deputados.
Esse setor do PMDB gostaria de agradar o PT que deseja quebrar o acordo de revezamento e eleger um novo presidente da Casa.
Entre
os cotados para estar por trás das denúncias seria o ex-ministro Geddel
Vieira Lima (PMDB), que já foi ministro da Integração Nacional e
teria conhecimento das emendas de Henrique.
O Globo trouxe
declarações de um aliado não-identificado de Henrique afirmando que quem
deveria estar numa avalanche de denúncias deveria ser o senador Renan
Calheiros, cotado para presidir a Alta Câmara.
O nome preferido do PT seria o líder do partido na Casa Arlindo Chinaglia, que já fora presidente da Câmara entre 2006 e 2007.
Deputado só se pronuncia sobre caso do transporte
O
deputado federal Henrique Alves se pronunciou através de nota no final
de semana. Apenas a reportagem da revista Veja mereceu contra-argumentos
do líder do PMDB.
O parlamentar informou que mandou investigar o
caso da Global Transportes. "Em face da matéria veiculada na revista
Veja, edição n°. 2304, envolvendo o nome do deputado Henrique Eduardo
Alves, esclarecemos que apesar da empresa contratada pelo gabinete
parlamentar, Global Transporte, estar legalmente constituída e haver
apresentado toda documentação exigida para fornecer o serviço, foi
determinada, pelo deputado, a apuração rigorosa da existência de
possíveis irregularidades conforme noticiadas na referida reportagem".
O deputado corre o risco de ver a eleição certa para a presidência naufragar por conta das denúncias da mídia nacional.
Bruno Barreto
Edito de Política-O Mossoroense
Foto: Reprodução net
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