Insultos verbais e humilhações vividos por mulheres durante o parto são "a ponta do iceberg" de uma série de intervenções e procedimentos nem sempre necessários, às vezes feitos sem consentimento da paciente e em certos casos invasivos que caracterizam a violência obstétrica no Brasil, diz a médica e estudiosa do tema Melania Amorim.
Palavras "cruéis" ouvidas por mulheres ao dar à luz vão desde a insistência para ela fazer força quando não consegue fazê-lo até "cala boca senão seu bebê vai nascer surdo", "na hora de fazer (o filho) não gritou" ou "cala a boca ou você vai acabar matando o seu bebê", relata a médica, que é professora de ginecologia e obstetrícia da Universidade Federal de Campina Grande e coautora de diretrizes nacionais relacionadas a procedimentos obstétricos.
Essas violências, segundo ela, transformam partos, mesmo sem intercorrências graves, em "experiências traumáticas", com sequelas físicas e psicológicas para mulheres.
O tema da violência obstétrica veio à tona nesta semana por conta de áudios e vídeos vazados da influenciadora Shantal Verdelho, que deu à luz, em setembro, em um parto realizado pelo médico Renato Kalil - agora sob investigação do Conselho Regional de Medicina paulista.
Fonte: BBC Brasil
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