O ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, disse ontem (18) que o projeto de reforma da Previdência trará
uma diferenciação na idade mínima de aposentadoria para homens e
mulheres. “Não há definição ainda, na medida em que o relatório será
apresentado hoje (19), mas a visão do relator é algo que se situa ao
redor de 62 anos [para as mulheres; 65 anos para os homens].”
A mudança vai constar do substitutivo
elaborado pelo relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Maia
(PPS-BA), ao texto original enviado pelo governo. Pela proposta original
do Executivo, as mulheres teriam acesso ao benefício da aposentadoria a
partir dos 65 anos, mesma idade dos homens. A equiparação gerou reação
de vários setores e motivou intensa negociação entre o governo e os
parlamentares. O parecer deve ser lido amanhã (19) na comissão especial
da Câmara que debate o tema.
Meirelles esteve reunido hoje, no Palácio
da Alvorada, com o presidente Michel Temer, outros ministros e
deputados da base aliada do governo. Segundo Meirelles, as mudanças que
estão sendo negociadas com o Congresso são necessárias para viabilizar a
aprovação de um projeto que assegure a eficiência e eficácia fiscal da
reforma. Ele disse ainda que todas as mudanças já estão precificadas, e o
governo espera que a reforma se aproxime 80% da proposta original.
“É um reforma que está dentro dos
parâmetros que nós definimos como importantes para que o equilíbrio
fiscal do país seja restabelecido. Portanto, a negociação é da maior
relevância”, acrescentou o ministro.
Processo de discussão
De acordo com o ministro da Fazenda, o
projeto está sendo negociado para atender também as demandas dos
senadores, e a expectativa é que não haja grandes modificações no texto
durante a tramitação no Senado. “O relatório não está pronto. Hoje é uma
parte importante do processo de discussão.”
Após o café da manhã hoje no Palácio da
Alvorada, o deputado Paulo Pereira da Silva(SD-SP), o Paulinho da Força,
criticou a idade mínima para aposentadoria e defendeu o prosseguimento
das negociações em torno desse ponto. Paulinho disse que, em relação à
aposentadoria, a cada dois anos, aumentam-se 11 meses para as mulheres e
dois anos para os homens, até chegar a 62 anos para as mulheres e 65
anos para os homens. “O governo tem que continuar negociando para
melhorar essa fórmula. Considero que 62 anos para mulheres é muito alto
ainda e 65 para homens, inaceitável.”
O ministro da Secretaria-Geral de
Governo, Antonio Imbassahy, ressaltou que, com as alterações acordadas
entre o governo e o relator, aumentou a disposição dos parlamentares
para aprovar a reforma. “Pelo que a gente pode perceber, o ambiente
modificou-se bastante: há realmente uma expectativa favorável para a
aprovação da reforma da Previdência”, disse Imbassahy.
Parecer do relator
A diferenciação na idade mínima entre
homens e mulheres também foi incluída pelo relator nas regras de
transição. Segundo o relatório preliminar, não há corte de idade para
entrar na transição e, neste período, o limite de idade para se
aposentar é de 53 anos para a mulher e 55 para o homem.
O chamado pedágio sobre o tempo de
contribuição durante a transição seria de 30% e não 50%, como proposto
inicialmente. Maia reduziu também de 49 para 40 anos o tempo máximo de
contribuição para o trabalhador receber o benefício integral da
aposentadoria.
Se o trabalhador exerce atividade considerada de risco, o tempo total pode ser reduzido para 35 anos.
Para os trabalhadores rurais, a idade
mínima para se aposentar foi alterada de 65 para 60 anos, com 20 anos de
contribuição, em vez de 25 como proposto originalmente pelo governo. A
alíquota de contribuição do trabalhador rural também deverá ser
reduzida, não podendo exceder 5%, como é feito com o trabalhador urbano
de baixa renda.
Segundo a proposta do relator,
professores e policiais poderão se aposentar aos 60 anos, com 25 anos de
contribuição e 20 anos de exercício de atividade de risco. O relator
manteve a proposta de inclusão dos parlamentares no regime geral da
Previdência, com previsão de aposentadoria a partir dos 60 anos.
O Benefício de Prestação Continuada (BPC)
e a pensão permanecem vinculados ao salário mínimo. No caso das
pensões, o relator prevê o acúmulo de aposentadoria e pensão de até dois
salários mínimos e, para os demais casos, mantém a possibilidade de
opção pelo benefício de maior valor.
A leitura do relatório completo está
prevista para amanhã (19) na comissão especial da reforma da
Previdência, na Câmara dos Deputados.
*Por Andreia Verdélio e Yara Aquino/Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é importante! Este espaço tem como objetivo dar a você leitor, oportunidade para que você possa expressar sua opinião de forma correta e clara sobre o fato abordado nesta página.
Salientamos, que as opiniões expostas neste espaço, não necessariamente condizem com a opinião deste Editor.
COMENTÁRIOS QUE TENHAM A INTENÇÃO DE DENEGRIR QUEM QUER QUE SEJA, SERÃO EXCLUÍDOS