– Olha meu shopping como está lindo, diz a indiazinha Kaiowá Carine para o irmão Clebisson.
– Mas aqui eu só estou vendo lixo.
– Lixo? Não, meu amor, veja bem que lojas lindas, até cabeleireira tem, cheias de coisas para eu comprar.
-Lê então pra mim a história do ‘lobo mau’. Pega uma revista velha de
propaganda de cosméticos e entrega pra que ela comece a leitura. Não
está querendo?
Que tal ver um filme bom?
Sentam-se na poltrona de tijolos e se fixam na tela logo ali adiante: uma caixa de sabão Ypê, presa ao tronco da goiabeira.
Ele passa a pedra para que ela sintonize o canal.
Servem-se de refrigerante e pipoca, percebido nas mãos que vão dos copos e tijelas imaginárias até à boca.
-Da próxima vez vou convidar minhas amigas invisíveis.
– Cansei de ficar sentada.
Arranca uma folha de mamoeiro,
amassa, ajeita e a transforma
em sombrinha, com que sai desfilando como uma modelo, pegado o talo às costas, e com a copa sobre suas cabeças
protegendo-os do sol.
– Vamos agora pegar o ônibus
que nos levará de volta para casa.
Vira-se e aponta a parada de ônibus
(um caixilho grande de portas, empoeirado, escorado numa goiabeira com as três portas escangalhadas).
Isso, aqui ficaremos aguardando.
– Colei a prova todinha. Que professora chata a que caiu na sala, hein?
Irmão, olha para aquele celular invisível que está nos filmando!
Diga alguma coisa, Clebisson!
– Eu não quero falar nadinha.
Só isto: por que você fala tanto sozinha?
– Porque imagino.
– Você é metida!
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