Isaac Ribeiro/TN
Metade das pessoas que vivem no Nordeste não sabe consumir medicamentos
de forma adequada, assegurando seus efeitos e com segurança. É o que
aponta uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação
para o Mercado Farmacêutico e o Datafolha. O índice está dez pontos
percentuais acima da média nacional. Essa desinformação aumenta os
riscos de intoxicação e até mesmo de morte, em relação a outras regiões.
Entre as causas está a falta de atenção no que indicam as bulas e as
embalagens dos remédios, além do hábito de não consultar o farmacêutico
na hora da compra, nas farmácias. Ainda é tido como agravante para essa
situação o fato de os nordestinos considerarem as farmácias não apenas
um estabelecimento de saúde, e sim um comércio comum, tal qual uma
perfumaria ou supermercado.
Segundo o estudo “Uso Racional de
Medicamentos”, 57% dos nordestinos admitem encarar a farmácia como um
centro de comércio de produtos comuns, como uma loja de conveniência,
por exemplo.
Dirceu Raposo, presidente do Conselho Científico do
ICTQ comenta os riscos da desinformação. “As interações podem promover o
aumento da ação de uma ou mais drogas, a diminuição da ação ou ainda a
anulação do efeito das mesmas. Dessa forma, as interações podem causar
de efeitos leves e passageiros até a morte, ou danos que originem
sequelas transitórias ou perenes.”
Outros números
A
falta de informação não é uma característica apenas dos que vivem no
Nordeste. As regiões Norte e Centro-Oeste vêm logo em seguida, com 46%.
Depois aparecem o Sul (39%) e o Sudeste (31%).
Com relação à
idade, entre os brasileiros na faixa de 45 a 59 anos, o índice de
desinformação sobre o consumo de remédios sobe para 42%. Já entre as
pessoas a partir dos 60 anos, o número é de 41%.
Mas é na
população da terceira idade que estão os índices mais elevados de
desinformação sobre o consumo correto de remédios. A razão seria o
grande número de remédios consumidos diariamente.
A pesquisa
também investigou o descuido com medicamentos nas classes sociais e
constatou que as menos favorecidas também padecem com a ausência de
informações sobre o uso racional de remédios. O índice de desinformação
entre os brasileiros das classes D e E é de 55%.
Essa não é a
primeira vez que o Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado
Farmacêutico centra foco na relação do brasileiro com remédios. Em
estudos anteriores, realizados ano passado, o ICTQ identificou que 76,4%
da população têm a prática cultural de consumir medicamentos sem
considerar recomendações médicas e farmacêuticas.
Também foi
observado que 32,2% dos brasileiros não costumam verificar as datas de
fabricação e vencimento dos medicamentos que consomem; 46,1% não se
importam em ler as bulas; e 67,9% não seguem nunca os horários
prescritos pelo médico ou farmacêutico para a ingestão do remédio.
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