Jornal de Hoje
A campanha nacional Novembro Azul, realizada anualmente para divulgar
e conscientizar a importância dos cuidados com a saúde do homem e a
prevenção ao câncer de próstata, começa neste sábado (01) com foco no
combate ao preconceito contra o exame que pode detectar a doença e
salvar vidas. De acordo com estimativa do Instituto Nacional do Câncer
(Inca), cerca de 870 novos casos da neoplasia maligna devem surgir este
ano no Rio Grande do Norte, sendo 31% destes somente em Natal.
Segundo o urologista Rodrigo Trigueiro, há uma mistificação muito
grande em torno do exame de toque retal, que é importante para o
diagnóstico precoce da doença, mas temido pelos homens por causa do
preconceito e da falta de conhecimento sobre o procedimento, que é
rápido e indolor. E que esse é uma dos principais barreiras que impedem
que muitos façam a prevenção ao câncer, junto com o medo e a falta de
tempo alegada por homens que trabalham o dia inteiro e são atendidos
pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“A questão cultural do machismo é muito forte, infelizmente, seguida
pelo medo de que o procedimento doa e da falta de tempo, principalmente
para que não tem plano de saúde e não encontra tempo para uma consulta
preventiva. É por isso que a campanha é feita para conscientizar a
população masculina da necessidade de tirar um dia para cuidar da sua
saúde, para desmistificar o exame, que não dói e dura poucos segundos. É
desconfortável, mas necessário para complementar a medição de PSA
(antígeno prostático específico), que é feito por meio de análise de
amostra de sangue”, explicou.
Ele disse que o câncer de próstata é o tipo de neoplasia que mais
afeta o homem brasileiro após os 50 anos e que uma recente pesquisa
nacional feita pelo Inca revelou que apenas 32% destes declararam já ter
feito o exame preventivo. E que a Cooperativa de Urologistas do Rio
Grande do Norte (Urocoop) trabalhará durante o Novembro Azul com o
alerta para a necessidade de acompanhamento médicos regular para o
público masculino, conscientizando para a prevenção desta e de doenças
que afetam o homem, como hipertensão e diabetes, entre outras.
“Pelo fato de muitos pacientes permanecerem assintomáticos durante
muito tempo, é vital que, ao chegar na casa dos 50 anos, os homens
procurem um especialista para a realização dos exames que detectem a
doença. E, no caso de pessoas com histórico familiar da doença e também
da raça negra, o recomendado é que se falam check-ups a partir dos 40
anos, por precaução. Temos que deixar o preconceito e o machismo de lado
e cuidar da nossa saúde, que é o bem mais importante”, afirmou.
Campanha chegou ao Brasil em 2008
Criada em 2003 na Austrália, a campanha Novembro Azul foi instituído
no Brasil cinco anos depois pelo Ministério da Saúde, dentro do Programa
Nacional de Assistência à Saúde Masculina. A iniciativa engloba, além
da prevenção e combate ao câncer de próstata, vários outros projetos
voltados para a manutenção da vida saudável dos homens brasileiros e à
conscientização da importância da visita anual ao médico.
Para o presidente da Urocoop, Edson Jovino, diferentemente da mulher,
que é acostumada a ir frequentemente ao ginecologista para a prevenção e
combate a doenças, a maioria dos homens só busca acompanhamento médico
quando chega à terceira idade. E que o urologista é o médico que cuida
da saúde masculina como um todo, não apenas aquele que faz o exame de
toque.
“Recentemente foram discutidos novos parâmetros para o exame
prostático, incluindo o toque retal e a propositura de mudança baseada
em estudos científicos comprova que os homens que não apresentam
histórico familiar e não sejam da raça negra, possuem menos
predisposição para desenvolver a doença. Por isso, a recomendação é que o
exame seja feito a partir dos 50 anos para os de baixo risco e após os
40 para os de alto risco. Já os check-ups regulares devem começar aos 45
anos”, explicou.
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