O deputado Manoel Junior (PMDB-PB), relator da MP das Farmácias
(MP 653/2014), manteve relaxamento da exigência de farmacêutico em
farmácias caracterizadas como pequenas ou microempresas e acatou emenda
para permitir assistência do profissional de forma remota.
No relatório, o deputado reconhece que a presença obrigatória de
farmacêutico, conforme determina a Lei 13.021/2014, torna a dispensação
dos medicamentos mais segura e de melhor qualidade. No entanto, ele
aponta déficit de profissionais para atender a demanda e dificuldades de
cumprimento da norma por pequenas farmácias, especialmente em cidades
do interior.
Frente a esse contexto, ele manteve regra prevista na MP, de forma a
permitir que farmácias caracterizadas como micro ou pequenas empresas
possam funcionar com a presença de um prático inscrito no conselho da
categoria, desde que o órgão sanitário de fiscalização local confirme a
inexistência de farmacêutico na localidade.
'Assistência remota'
Manoel Junior ampliou o escopo da MP para permitir às farmácias
colocar à disposição de seus clientes a assistência técnica do
farmacêutico de forma remota, por meios telemáticos e informatizados,
nos horários de intervalos da jornada de trabalho do farmacêutico
titular, em caso de substituição temporária e nos finais de semana e
feriados.
O relator também propõe incluir na Lei 5.991/1973 a
assistência remota no atendimento aos consumidores e como forma de
supervisão em caso de licenciamento de estabelecimento sob a
responsabilidade de prático de farmácia, técnico em farmácia ou do
proprietário.
Ele sugere ainda que a validade da licença, hoje estabelecida em um
ano, seja fixada pela autoridade sanitária local, podendo ser revalidada
por períodos iguais e sucessivos.
O deputado acatou também sugestão para modificar a Lei 3.821/1960,
estabelecendo como competência dos Conselhos Regionais de Farmácia, na
fiscalização da profissão farmacêutica, a aplicação de sanções e
penalidades somente aos profissionais inscritos em seus quadros, vedando
a aplicação de multas e outras sanções ao estabelecimento comercial.
A presidente da comissão mista, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM),
concedeu vista coletiva do relatório e anunciou para a próxima
terça-feira (18), às 14h30, a discussão e votação do texto. A realização
da reunião desta quinta-feira foi contestada pelo deputado Ivan Valente
(PSOL-SP), que alegou falta de quorum e disse que pedirá a anulação da
sessão.
Polêmica
A tramitação da MP 653/2014 tem sido cercada de polêmica desde sua
edição, em agosto. Segmentos contrários à medida afirmam que o
relaxamento da exigência de farmacêutico nos estabelecimentos fere
acordo construído para a aprovação da Lei 13.021/2014.
Na tentativa de promover o entendimento, a comissão mista promoveu
duas audiências públicas com entidades do setor, que revelaram posições
divergentes em torno da matéria.
As entidades que representam os donos de farmácias dizem não haver
número suficiente de farmacêuticos para cumprir a norma legal. Alegam
ainda que muitos estabelecimentos não teriam como arcar com os custos
para manter um profissional de nível superior e acabariam por fechar as
portas, prejudicando o atendimento à população em muitas localidades.
Já as entidades que representam a categoria acusam as empresas de
pressionar pela edição da MP, mostrando que o interesse econômico
prevaleceu sobre o interesse da saúde. Dizem haver quantidade suficiente
de profissionais para atender à demanda e alegam que o mercado
farmacêutico brasileiro, perto de ser o quarto maior do mundo, teria
como bancar a presença de farmacêuticos nas drogarias.
Agência Senado
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