Jornal de Hoje
Foto: José Aldenir
Alvo de promessas durante as eleições deste ano, o Hospital de Trauma
de Natal ainda não começou a ser construído porque seu projeto aguarda
aprovação na Assembleia Legislativa desde setembro do ano passado e a
resolução do imbróglio judicial que envolve o terreno escolhido para
recebê-lo, no bairro de Pitimbu, na zona Sul da Capital. Enquanto isso, o
Walfredo Gurgel, maior pronto-socorro do Rio Grande do Norte que será
diretamente beneficiado com a nova unidade, com quem dividirá a grande
demanda existente, sofre com a superlotação. Tirá-lo do papel será um
dos principais desafios para a futura gestão estadual na área da Saúde,
que já virá com uma dívida de mais de R$ 90 milhões.
Segundo o secretário de Estado do Planejamento (Seplan), Obery
Rodrigues, o projeto está totalmente pronto e aguardando apenas a
aprovação pelo legislativo e a liberação do terreno, para que seja
lançado o edital de concorrência pública internacional para a construção
do hospital. Enquanto esses dois tópicos não forem resolvidos, o
executivo está de mãos atadas, apesar de compreender a necessidade
urgente da sociedade potiguar para a nova estrutura.
“Encaminhamos o projeto de lei completo para aprovação pela
Assembleia desde setembro de 2013, mas até o momento ele não foi posto
em pauta por motivos que desconhecemos, infelizmente, porque já não há
mais o que fazer. O plano de construção e a modelagem da parceria
público-privada (PPP) estão concluídos, foi feita audiência pública para
discuti-lo, o documento passou um mês em consulta popular e fizemos as
adequações do Fundo Garantidor da PPP conforme foi exigido, mas ainda
não foi discutido pelos deputados”, afirmou.
Obery disse também que o processo de construção do hospital, que foi
promessa de campanha de Rosalba Ciarlini em 2010, começou em 2012 com a
elaboração de um estudo para identificar questões como a demanda e
necessidades populacionais de uma nova estrutura de saúde e leitos de
Unidade de Terapia Intensiva (UTI), por exemplo. Já com relação à sua
localização, o terreno escolhido foi um situado às margens do
prolongamento da Avenida Prudente de Morais/Omar O’Grady, no bairro de
Pitimbu, na zona sul.
“É uma excelente localização, de fácil acesso tanto para os moradores
de Natal como de outros municípios que chegam geralmente pela BR-101.
Mas há um entrave temporário porque esse terreno está sendo questionado
em uma ação judicial pela antiga Companhia Popular de Habitação do
Estado (Cohab) e isso ainda não foi resolvido. São esses dois fatores
que estão impedindo a administração de iniciar a construção dessa
unidade, que é vital para a Saúde no Rio Grande do Norte, que tem uma
grande demanda causada pelo aumento dos acidentes de trânsito e também a
violência urbana”, explicou.
Pelo projeto, o Hospital de Trauma de Natal terá 310 leitos, sendo
222 para internação, 60 para UTI, além dos destinados à estabilização,
hospital-dia, reanimação e retaguarda. Terá também dez salas para
cirurgias, salas para reanimação e será especializado em
trauma-ortopedia infantil e adulta, neurologia clínica e neurocirurgia
intervencionista. O prédio comportará ainda um centro de medicina
diagnóstica, para exames como tomografia, Raios-X, ultrassonografia de
emergência, hemodinâmina e videoscopia.
“É uma necessidade urgente”
Em sua campanha eleitoral, o governador eleito do Rio Grande do
Norte, Robinson Faria (PSD) se comprometeu a fazer vários ajustes e
melhorias na área da Saúde, incluindo a construção da unidade, que
atuará junto com o Hospital Walfredo Gurgel na assistência à demanda de
traumatologia e ortopedia. Atualmente, a estimativa é que o Estado
possua um déficit de mais de 300 leitos para essas duas especialidades,
já que a maioria dos atendimentos de urgência e emergência potiguar são
encaminhados para Natal.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos do RN, Geraldo Ferreira, a
nova unidade, que foi alvo de todos os candidatos a governador neste
ano, é mais do que aguardado e necessário. “É uma necessidade gritante,
urgente, porque não temos hospitais particulares ou filantrópicos que
façam esse tipo de atendimento no nosso Estado, que só faz crescer por
causa do excesso de violência urbana e no trânsito, os fatores que
demandam o maior número de atendimentos desta natureza”, afirmou.
Ele disse também que a nova unidade deve ajudar o Walfredo Gurgel,
dividindo os procedimentos, para que a demanda existente seja absorvida
como de deve e não fazer com que ele substitua o segundo. Para Geraldo,
isso seria um grande erro, que transformaria o Trauma em um novo Clóvis
Sarinho em pouco menos de cinco anos após o início de suas atividades.
“Fazer isso é trocar seis por meia dúzia, é uma grande ilusão e fará
com que retornemos ao caos que é vivenciado hoje pelo Walfredo. Agora,
precisamos também que toda a rede seja estruturada nos municípios do
interior, para não obrigar os pacientes a continuar a peregrinação que
vemos hoje. Será um desafio imenso para o novo governador, porque a
Saúde está doente, mas torcemos para que dê certo e ele consiga, porque o
Rio Grande do Norte precisa muito desse Hospital de Trauma”, afirmou.
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