quinta-feira, 6 de novembro de 2014

ALEXANDRIA RECEBE HOJE UM DOS ÍCONES DA CULTURA POPULAR NORDESTINA

Nascido em Caruaru (PE), em 13 de outubro de 1945, Ivanildo Vila Nova cresceu acompanhando seu pai, o famoso cantador José Faustino Vila Nova, pelas noitadas de cantorias. Se a vida do repentista naquela época era extremamente espinhosa, para um menino, então, o sacrifício era extremo.

Começou meio que obrigado pelo pai, que fazia com que ele decorasse folhetos inteiros e cantasse durante as cantorias. Ao abraçar a Arte do Improviso, Ivanildo não queria apenas ser mais um no cenário da poesia. Era imperioso que o quadro existente fosse modificado para a sobrevivência da Cantoria. Antes de Ivanildo Vila Nova, a Cantoria era amadora, onde o compromisso era apenas com o divertimento, o lúdico, a boemia. Com ele, aconteceu a profissionalização, a elevação do cantador à categoria de artista.

Os mais céticos apostavam que a cantoria, ao sair do sertão para ganhar espaço nos grandes centros, estaria fadada à extinção. Porém, com a ascensão de Ivanildo e dos cantadores de sua geração (Geraldo Amâncio, Moacir Laurentino, Sebastião Dias, Severino Ferreira e Sebastião da Silva, entre outros) abriu fronteiras. O trabalho dessa geração saiu do sertão para a cidade, saiu do Nordeste para outras regiões, chegando até os outros países.

Fonte: Defensor da Cultura Nordestina

                                                               NORDESTE INDEPENDENTE  (Imagine o Brasil)
(Ivanildo Vilanova e Bráulio Tavares)

Já que existe no Sul este conceito
que o Nordeste é ruim, seco e ingrato,
já que existe a separação de fato
é preciso torná-la de direito.
Quando um dia qualquer isso for feito
todos dois vão lucrar imensamente
começando uma vida diferente
da que a gente até hoje tem vivido:
imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

Dividindo a partir de Salvador
o Nordeste seria outro país:
vigoroso, leal, rico e feliz,
sem dever a ninguém no exterior.
Jangadeiro seria o senador
o cassaco de roça era o suplente
cantador de viola o presidente
e o vaqueiro era o líder do partido.
Imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

Em Recife o distrito industrial
o idioma ia ser "nordestinense”
a bandeira de renda cearense
“Asa Branca" era o hino nacional
o folheto era o símbolo oficial
a moeda, o tostão de antigamente
Conselheiro seria o Inconfidente
Lampião o herói inesquecido:
imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

O Brasil ia ter de importar
do Nordeste algodão, cana, caju,
carnaúba, laranja, babaçu,
abacaxi e o sal de cozinhar.
O arroz e o agave do lugar
a cebola, o petróleo, o aguardente;
o Nordeste é auto-suficiente
nosso lucro seria garantido
imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

Se isso aí se tornar realidade
e alguém do Brasil nos visitar
neste nosso país vai encontrar
confiança, respeito e amizade
tem o pão repartido na metade
tem o prato na mesa, a cama quente:
brasileiro será irmão da gente
venha cá, que será bem recebido...
imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

Eu não quero com isso que vocês
imaginem que eu tento ser grosseiro
pois se lembrem que o povo brasileiro
é amigo do povo português.
Se um dia a separação se fez
todos dois se respeitam no presente
se isso aí já deu certo antigamente
nesse exemplo concreto e conhecido,
imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

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